segunda-feira, 20 de outubro de 2014

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 14

O dia amanheceu estranho, brusco e com ar de chuva, desses dias que dá vontade de nem sair da cama, um dia que mais parece um convite à depressão, mas como não acredito nisso levanto tomo um banho visto minha roupa e vou encontrar meu mestre e amigo e também fazer minha (nossa) caminhada. Quando chego ele está me esperando e me dá um sorriso largo e sincero e um bom dia animador a resposta tem que ser no mesmo nível... e foi... Depois de um abraço de verdadeiros amigos eu lhe perguntei se um dia assim nublado, meio cinza não lhe tira o ânimo? Ele me olhou com uma doçura inexplicável e falou: a gente não deve deixar nunca que acontecimentos externos mudem nossa essência, aquilo que somos, sentimos e pensamos. Se permitirmos que isso aconteça vamos acabar nos tornando uma pessoa a cada dia, dependendo do clima, do lugar, dos que estão à nossa volta. A vida e o tempo vão nos forjando como o ferro que vai tomando forma sob o efeito do calor e das pancadas que vais recebendo, assim somos nós quando a idade vem chegando e se apoderando de nosso corpo e nossos reflexos já passam a ser mais lentos, nossos movimentos vão se tornando difíceis e nossos pensamentos se perdem entre as obrigações e os poucos desejos que restaram, precisamos nos concentrar no que realmente interessa, ou seja, as pessoas que amamos e que nos querem bem, os lugares em que gostamos de estar e as coisas que nos dão prazer quando fazemos. Toda manhã abrir os olhos e poder levantar e ter algo para fazer já são conquistas fundamentais para cada um de nós, portanto meu amigo, não deixe que a ausência do sol ou uma chuva que abençoa a terra de modo geral determine como será seu comportamento ou se você vai ou não sair de casa e cumprir seus compromissos. A verdadeira felicidade acorda todas as manhãs dentro de cada um de nós, precisamos acompanhar seu despertar e desfrutar das bênçãos que ela nos oferece. É possível ser muito feliz num dia nublado, do mesmo modo que podem ocorrer tristezas e desilusões numa manhã ensolarada. Agora vamos caminhar e aproveitar este dia fresco para nos exercitar com maior intensidade e vamos fazer isso a dois, mas em silêncio meu filho, porque no silêncio nós também podemos aprender.


J.C.A.