sábado, 26 de fevereiro de 2011

APRENDIZADO

Aprendi que sendo bom com os outros, novas portas podem se abrir todos os dias da vida;
Aprendi que sendo sério com os outros, coisas importantes podem acontecer;
Aprendi que sendo honesto com todos e em tudo, conquistas acontecerão com certeza;
Aprendi que sendo justo o tempo inteiro, a justiça fará parte do futuro;
Aprendi que sendo solidário com os amigos, jamais existirão dificuldades insuperáveis;
Aprendi que amando e respeitando a família, a união será uma realidade plena;
Aprendi que um cachorro é importante, mas seis é uma verdadeira escola;
Aprendi que o melhor lugar do mundo é a nossa casa, e mais ainda se for cheia de amigos;
Aprendi que cozinhar é melhor que jogar futebol, e tem menos concorrência;
Aprendi que uma vez por semana é preciso ter um tempo que seja só nosso;
Aprendi que depois de casar a gente não consegue mais ser egoísta;
Aprendi que tv a cabo é mais importante do que um carro zero;
Aprendi que internet é essencial, mas nada substitui um olhar e principalmente um abraço;
Aprendi que é preciso ter um tempo para os mais velhos sempre, as lições não têm preço;
Aprendi que dormir é bom, mas acordar cedo e ter obrigações é maravilhoso;
Aprendi que viver só é possível se for um dia de cada vez;
Aprendi que a morte só assusta quem não fez nada disso e se apavora ao ver chegar o fim.

JCA

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 5

Terça feira, sol brilhando cedo afinal acabou o horário de verão. Levantei-me por volta da cinco da madrugada, tomei banho, um litro de leite gelado, dei um jeito no quintal retirando aquelas coisinhas de cachorro, aí ração, água fresquinha. Pronto, estou liberado para minha caminhada educativa matinal, estou cada dia mais disposto e ansioso por estes momentos que passo ao lado do meu mais novo amigo de infância. Cheguei antes, fiz o alongamento e fiquei à espera, logo ele apareceu. Iniciamos as nossas passadas, eu em direção ao conhecimento, ele eu não sei. Logo nos primeiros segundos me informou que queria me contar uma história da sua vida, uma passagem inesquecível, e foi falando: - Quando eu tinha uns dezoito anos trabalhava em uma construtora e depois do expediente sempre parava num bar ao lado da obra. Bar do “Seo” João. Como todo boteco que se preza tinha lá seus personagens, batiam ponto no lugar todas as noites o “Vaca Véia”, nordestino, falava alto; tinha também o “Zóinho”, técnico em eletrônica e viciado em bilhar, e o Nelson sem apelido, muito elegante, educado ao extremo e apreciador de uma pinga com limão. Conversava sobre os mais variados assuntos e tinha uma qualidade especial, uma filha maravilhosa com lindos olhos verdes, Débora. Era uma morena de mais de um metro e setenta com um corpo de dar inveja a muita modelo de hoje. Não sei por que ela gostou de mim, e o pai se tornou meu amigo, conversávamos muito e ela sempre aparecia para iluminar o lugar. Como não podia deixar de ser, começamos um namoro, quanta felicidade. Aquele mulherão estava comigo, e todos no bar me invejando. Depois de, mais ou menos um ano terminamos. Então me deparei dois ensinamentos que marcaram minha vida para sempre. Primeiro a dor do fim. Sofri muito, deixei de freqüentar o boteco, não queria nem ver a tal da Débora. Passada a dor, veio a decepção, descobri que além de mim a moça tinha mais dois namorados dela. O mais triste de tudo é que iludido pela paixão entendi que fosse inveja de todos naquele bar o que na verdade era pena, pois todos sabiam do fato. Ah! Os ensinamentos? O perdão, a vítima era ela e não eu fui fiel, sério, honesto no meu comportamento. Eu menino ainda consegui perdoar, afinal ela havia perdido o melhor partido do pedaço. A outra lição, veio da falsidade, da falta de consideração daqueles que se diziam meus amigos e não me avisaram de nada. Hoje continuo perdoando àqueles que me prejudicam, mas sempre que posso procuro alertar aos amigos sobre tudo que eles eventualmente não estão percebendo. Amigo prá valer diz a verdade mesmo que doa. Puxa falei demais, mesmo assim, obrigado por me ouvir. Vamos agora às lições do silêncio. Obedeci e comecei a me lembrar que também já tive na vida amigos e mulheres assim.

JCA

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

DEUS CRIOU TUDO QUE EXISTE?

Alemanha - Inicio do século 20

Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta:
“Deus criou tudo o que existe?"
 
Um aluno respondeu com grande certeza:
-Sim, Ele criou!
 
-Deus criou tudo? Perguntou novamente o professor.
-Sim senhor, respondeu o jovem.

O professor indagou:
-Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?
 
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era uma perda de tempo. Outro estudante levantou a mão e disse:

-Posso fazer uma pergunta, professor?
-Lógico, foi a resposta do professor.

O jovem ficou de pé e perguntou:
-Professor, o frio existe?

-Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio?
Com uma certa imponência rapaz respondeu:
-De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor.
 
-E, existe a escuridão? Continuou o estudante.
O professor respondeu temendo a continuação do estudante: Existe!

O estudante respondeu:
-Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. A luz pode-se estudar, a escuridão não! Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não!

Continuou:
-Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim?! Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente. Finalmente, o jovem perguntou ao professor:

-Senhor, o mal existe?
Certo de que para esta questão o aluno não teria explicação, professor respondeu:
-Claro que sim! Lógico que existe. Como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal!
 
Com um sorriso no rosto o estudante respondeu:
-O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz.

Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado… Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome?
 
E ele respondeu:
ALBERT EINSTEIN, senhor!
 
Não sei até que ponto a história é verdadeira, mas independente disso, a idéia continua a mesma.

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MENSAGENS DA TRAÇO LEAL - REFLEXÕES

Só sei que nada sei. - Sócrates

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QUANDO O POETA CHORA



Quando o poeta chora
por incrível que pareça,
a tristeza vai embora.
Não que a gente mereça,
mas a dor dele nesta hora
evita que o universo padeça.

JCA

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A SABEDORIA DE CECÍCIA MEIRELES

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

JCA

DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 22 - TADEU FRANCO

Geraldo Tadeu Pereira Franca, filho de Didico de Sousa Franca e de Esmeraldina Rodrigues Franca, funcionários dos Correios e Telégrafos, nasce no dia 19 de agosto de 1957, na cidade de Itaobim, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, Brasil.
Aos cinco anos de idade muda para Teófilo Otoni, onde permanece até 1978. Em sua terra de criação, o garoto canta em aniversário de amigos sob protestos do pai que o considera muito moço para tais apresentações.
Aos dez anos ganha um acordeão, mas não toca o instrumento, prefere o violão, que até hoje o acompanha. Nos programas de calouros da ZYX7, “uma emissora cada vez melhor para um público cada vez maior”, encanta o auditório com seu precoce romantismo. Nas serenatas, ao luar sertanez, músicas de Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo, Geraldo Vandré e Gonzaga Júnior.
Em Belo Horizonte estréia no Projeto Fim de Tarde, na Sala Humberto Mauro, do Palácio das Artes. Viaja no “Expresso Melodia”, caminhão-palco cujo show é transmitido pela Rádio Inconfidência, emissora que recebe de microfone aberto todo artista de alma bem brasileira. Canta em praça pública, circo, showmício, favela, universidade, bar e curral. Nos ginásios Ibirapuera e Mineirinho.
Nos teatros Francisco Nunes, Marília, Imprensa Oficial, até gravar com Milton Nascimento e Simone, no Estúdio Transamérica, RJ, a música “Comunhão”, de Milton e Fernando Brant, no disco “Anima”, Ariola. Em 1984 lança o disco “Cativante”, com produção e direção de Milton Nascimento, arranjos de Wagner Tiso e Túlio Mourão. Nos festivais de canção em Boa Esperança, Juiz de Fora, Avaré, Lambari, é primeiro lugar e melhor intérprete.
O show lançamento do “Cativante” lota, durante quatro dias, o Teatro Chico Nunes; no Palácio das Artes, o Grande Teatro, em duas apresentações. Pelo Brasil, canta em cinema, casa paroquial, mercado, feira de exposição agropecuária, pátio de Escola, beira de rio e lagoa. Vai para Carajás, Guanambi, São Luiz do Maranhão, Açailândia, Imperatriz, Porto Alegre, São Paulo, Ponta Grosa, Exu, Salvador, Goiânia, Brasília-DF, Vitória do Espírito Santo, da Conquista e Terezina. Toca em Formiga, Coromandel, Diamantina, Ouro Preto, Sabará, Santa Luzia, Montes Claros, Rodeador, Prados, São João Del Rey e outras cidades mineiras.
Em 1990 lança, no Brasil e na França, o CD “Alma Animal”, pelo selo “Paixão Brèsil”. No disco, elogiado pela crítica especializada, parcerias com Beto Guedes, Heraldo do Monte e Tomaz Antônio Gonzaga. Lança novos compositores, canta com Toninho Horta e Nélson Ângelo e, mais uma vez, conta com a presença de amigos do “Clube da Esquina”, como Nivaldo Ornelas e Fernando Brant. Em 1995 grava o CD “Orlando”, pela Velas. No repertório dezesseis músicas consagradas pelo “Cantor das Multidões”, Orlando Silva, respeitosamente interpretadas com emoção renovada por Tadeu Franco.
No dia 04 de fevereiro faz show de lançamento no Palácio das Artes, produzido pela Arte em Cena. Grava nos estúdios da Polygram, Odeon, Bemol e HP. Como autor tem músicas gravadas por Sá e Guarabira, Pena Branca e Xavantinho e Beto Guedes. Faz vários especiais nas rádios Inconfidência e Alvorada. Apresenta-se duas vezes no programa “Fantástico”, cantando “Comunhão”, com Bituca e Simone, em clip considerado um dos mais belos na história do fantástico programa. Grava especiais de fim-de-ano, “Som Brasil”, com Rolando Boldrin e Lima Duarte. Defende a música “João Rosa” de Nivaldo Ornelas e Murilo Antunes, no Festival dos Festivais, na Rede Globo de Televisão.
Na Rede Manchete canta com Maria Bethânia a música “Cantiguinha pra Maria” de Tadeu Franco e J. Moreira. Na Band o “Empório Brasileiro” de Boldrin. Na TV Cultura o Especial Rede Minas, o Viola Minha Viola com Inezita Barroso. Na TV a Cabo, Canal 30, CBH, hoje Metrópole, apresenta, durante nove meses, do ano 2000, o Programa Tadeu Franco e Companhia. Agora dedica-se a outros autores brasileiros como Gonzagão, Geraldo Pereira e Tom Jobim.
É casado com Solange Vieira de Faria Franca, mãe de sua filha Laura. Na Câmara Municipal de Belo Horizonte recebe o título de Cidadão Honorário e a Comenda Rômulo Paes, de Mérito Artístico. Gosta de Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Manuel de Barros, Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade. É torcedor do Cruzeiro Esporte Clube. Sonha cantar em Mar de Espanha, Corinto, Catas Altas da Noruega, Cabo Verde, Babilônia, Tebas, Estrêla de Jordânia, Galiléia, Granada, Penha de França, Monte Carmelo, sem sair de Minas Gerais.

JCA

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 54

 Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam.
JCA

FIM DE CASO EM DOIS ATOS

Imagine uma mulher apaixonada, primeiro amor, primeiro namorado, primeira vez sendo beijada. Primeiras sensações que não consegue explicar nem descrever está completamente encantada por este homem. Seu coração bate tão forte quando estão juntos que parece que todos à sua volta podem ouvir. Como mulher se deixa levar, como mulher se entrega, como mulher faz da sua vida uma fonte inesgotável de dedicação a ele. Como mulher aos poucos vai se sentindo menos amada, parece estar sendo relegada a segundo plano. Em pouco tempo o que era amor e felicidade vai se transformando em rancor e mágoa. Em seu íntimo não consegue compreender como alguém a quem ela se dedicou tanto não pode retribuir na mesma intensidade, e sofre. E a dor vai tomando conta de seu corpo, de seus dias, de sua alma. E como mulher adoece, padece, e mais ainda o companheiro a esquece. Sempre o trabalho, sempre as preocupações, sempre o cansaço. Aos poucos, como mulher, ser superior, ela vai se resignando, vai chegando à conformação, vai se habituando a conviver com a dor, com o desprezo e com a solidão. Até que um dia ele decide ir embora, mas neste momento ela já está preparada para esta notícia, na verdade o fim era apenas uma questão de formalidade, já estava acabado há muito tempo. O homem estranha a calma, se apavora com a aceitação, não entende este comportamento tranqüilo. O homem sofre, sente na carne tudo que fez a ela. O homem perde o chão, se entrega a bebida, perde os amigos, deixa o emprego, abandona a si mesmo. É a vida, plantou colhe, aqui se faz aqui se paga. E como paga caro. Não resistindo mais à dor, não sabendo como enfrentar este problema de falta de perspectiva, o homem procura a antiga companheira. Esta o recebe como se ele fosse a pessoa mais importante do mundo, ele se aproxima cada vez mais e aos poucos. Renasce o vínculo, como mulher, ser superior ela é só perdão. A chama da paixão vai reacendendo no peito dela e despertando enfim no dele. O relacionamento é retomado, a vida segue seu rumo e ele arrependido fará o impossível para nunca mais perdê-la enquanto ela como mulher, ser superior, passará o resto da sua existência se perguntando: Onde foi que eu errei? Deus me ajude a entender para que eu não cometa as mesmas bobagens e ele me deixe outra vez.

JCA

O AMOR E AS FASES DA LUA

A onda bate mais alto e chega mais dentro da areia,
Nas noites que sobressalto tem no céu a lua cheia.
No coração dos poetas surge mais inspiração,
Pelas ruas mais serestas e acordes de violão.

Acho que o amor enfraquece e que fica mais distante,
Quando a noite aparece trazendo a lua minguante.
Namorados não se amam, parece menor a libido,
Esposas também se queixam da distância dos maridos.

Depois de uma semana, brota a esperança no horizonte e de um jeito se renova,
Faz acender a chama e como criança sobre a ponte joga no peito a lua nova.
A alegria então domina mais abraços aparecem e com eles muito beijos,
O mundo se ilumina, olhares se enternecem amantes matam desejos.

O ciclo se fecha em festa, a felicidade é envolvente,
Até os bichos da floresta olham a lua crescente.
O amor e o luar vivem sempre bem juntinhos,
Um foi feito para olhar o outro prá fazer carinho.

JCA

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 53

Se procurar bem você acaba encontrando. Não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida.
JCA

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 4

Os dias vão se passando e fico mais ansioso pela hora da caminhada, gostei dele, me inspira, me orienta, me emociona, me faz sentir que estou vivo e preciso, cada vez mais, produzir, realizar, marcar meu nome na história, não ser apenas coadjuvante. Muito bem chegou a hora, finalmente vou ao encontro do meu novo amigo para a aula mais importante do dia, vou abastecer minha alma de paz e ensinamento. Ele continua triste, pensativo pela ausência do amigo Tuniko, mas está presente, animado e caminhando a passos largos quase não consigo acompanhá-lo. Felizmente ele faz uma parada, senta-se no chão e me convida a sentar também, olha nos meus olhos e pergunta: “Qual o seu maior medo?” Pego de surpresa, demoro a responder, mas ele espera pacientemente. Penso em muitos dos meus medos, mas depois de alguns minutos concluo que o maior deles é não ser esquecido, o simples fato de pensar nisso já me apavora. Por que a pergunta? Ele me olha novamente e diz que durante sua vida teve medo de muitas coisas, alguns conseguiu superar, outros foram sendo evitados pelo caminho até se perder definitivamente. Hoje quando se aproxima o fim da jornada consegue perceber que o maior medo que teve na vida era o de não ter podido dar a alguém toda a atenção, carinho e amor que este ser merecesse. Neste instante me olha com a maior ternura com que já fui olhado, sabe aquele jeito de avô, sem compromisso mas extremamente comprometido com cada palavra, cada minúsculo gesto, pois aprendeu durante o caminho que um exemplo ensina mais do mil conselhos, com este olhar me diz aparentando estar realizado: “Sabe o Tuniko? Pois é ele me ajudou a superar este medo que tanto me perseguiu. Hoje tenho convicção que dei a ele tudo que podia para fazer com que sua existência fosse muito feliz. Em troca recebi toda a dedicação de uma vida, ele viveu para me dar alegrias e morreu para me fazer descobrir esta vitória. Vamos caminhar, mas agora em silêncio, já sei, já sei no silêncio também se aprende.

JCA

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS QUE O CHICO CONTOU E NEM SABE...



Que Chico Buarque é gênio, acredito ser indiscutível. São tantos temas, tantas rimas, inúmeras melodias que embalaram e continuam a embalar nossas vidas que seria difícil se estabelecer um limite para sua obra. Pois bem pensando nisso, resolvi fazer uma pesquisa e pinçar deste grande acervo de letras do Chico aqueles versos que terminassem no infinitivo “ar”. Muito bem consegui coletar entre quatrocentas e cinquenta e nove canções, cerca de quarenta frases e fui colocando todas de forma aleatória dentro deste texto e para minha surpresa elas foram se encaixando e formaram quase uma nova história construída pelo acaso, mas nascida do talento deste, que para mim, é o maior compositor da música brasileira. Acho que tem uma pessoa que deve gostar muito desta “brincadeira com os versos do Chico”, que é a minha amiga Célia Rennó. Por outro lado, pode ser que ela odeie tamanho desrespeito.

Tem certos dias que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar, Querendo acreditar que o dia vai raiar. Chega de mágoa, chega de tanto penar, Eu quero ver um dia todos trabalhar, e ao fim do dia ter onde voltar, Mas se a vida mesmo assim não melhorar, Sábios então tentarão decifrar, Sentar no colchão e sorrir e zangar. E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá olhando aquele inferno vai abençoar. Mas devo dizer que não vou lhe dar o enorme prazer de me ver chorar, Faça como eu faço aja duas vezes antes de pensar, Vou voltar haja o que houver, eu vou voltar, Que um dia ele vai embora, maninha prá nunca mais voltar, Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar, Tua sombra a se multiplicar. Pode ser que você tenha um carinho prá dar, ou venha prá se consolar. Quero ver quem é que tira nós aqui desse lugar. Traiçoeira e vulgar sou sem nome e sem lar. Como fui levando não sei lhe explicar. Como será ser nua em noite de luar? Dei prá maldizer o nosso lar, prá sujar teu nome te humilhar. Mil versos cantei pra lhe agradar, agora não sei como explicar. Até segundo aviso você prometeu me amar. Me dá só um dia e eu faço desatar. Mensagens sutis como a brisa do mar. Era como um trem que anda sem passar. Preciso conduzir um tempo de te amar. Amo tanto e de tanto amar. Sei que há léguas a nos separar tanto mar, tanto mar. Pois você sumiu no mundo sem me avisar. No peito a saudade cativa faz força pro tempo parar. É pior do que o esquecimento é pior do que se entrevar. E desde então eu canto a dor que eu não soube chorar. Tenho esperança que um dia hás de voltar direitinho ao teu lugar. Assim que o inverno passar eu acho que vou te buscar. Meu Deus vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar. Todo dia eu só penso em poder parar. Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar. Minha gente, vamos lá nossa turma vai sair nossa escola vai sambar. E todo malandro da cidade quer entrar nos versos da cantiga de ninar. Agora falando sério eu queria não cantar. Mas se o destino insistir em nos separar. Morena dos olhos d´água tira os seus olhos do mar. Voltei prá me certificar que tu nunca mais vais voltar. Das noites que varei no escuro a te buscar. Diz a ela que estou louco prá perdoar. Se o violão insistir, na certa a morena ainda vem dançar. Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo prá você rememorar. Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar. E inundou-se de água doce a amargura do mar.
JCA



DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 21 - ZÉ GERALDO

José Geraldo Juste, conhecido como Zé Geraldo, (Rodeiro, 9 de dezembro de 1944) é um cantor e compositor brasileiro.
Nascido em Rodeiro, uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, foi criado em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, também em Minas, de onde saiu, aos dezoito anos, para estudar e trabalhar em São Paulo.
Nos anos sessenta, sofre um acidente automobilístico, que acaba com seus sonhos de jogar futebol profissionalmente. Fica internado durante um ano num hospital em Carangola, onde aprende os primeiros acordes e desenvolve o lado compositor. Durante dois anos, faz fisioterapia na cidade de Santos. Nessa mesma época, trava conhecimento de uma banda que tocava em bailes, da qual passa a fazer parte - cantando em inglês.
Na década seguinte forma-se em Administração, enquanto tocava em bailes. Após alguns anos, tendo adquirido alguma experiência de palco, decide participar de festivais de música, sem deixar o emprego de executivo. No ano de 1978, participa do Primeiro Festival de Música da Ericsson no Brasil, e alcança a vitória. É então contratado pela gravadora CBS, abandonando a carreira de executivo e abraçando a carreira artística.
Em seu álbum Terceiro Mundo, fez grande sucesso nacional com a música “Cidadão”, regravada, entre outros intérpretes, pelo paraibano Zé Ramalho e pelo cantor Sílvio Brito.
Suas canções como "Rio Doce" e "Milho aos Pombos" tornaram-se conhecidas após concorrerem nos festivais de música realizadas pela Rede Globo no início dos anos oitenta. Nesta década, devido ao fato de ser fiel ao seu estilo musical, abandona as grandes gravadoras e torna-se artista independente.
Pelo fato de ter sido criado na cidade de Governador Valadares, e portanto ter laços com a cidade, no dia 3 de julho de 2007, recebe o título de "Cidadão Valadarense". Também em decorrência disso, sua canção "Rio Doce" tornou-se o hino da cidade.
Pouco depois, lançou CD/DVD intitulado Um Pé no Mato, um Pé no Rock, no qual faz referência a suas principais influências musicais, Tião Carreiro e Bob Dylan.
Em maio de 2008, foi lançado o mais recente trabalho, intitulado Catadô de Bromélias, o qual inclui uma versão em português da música "Mr. Tambourine Man", de Bob Dylan, e uma nova parceria, com o cantor e compositor Zeca Baleiro, "Na barra do seu vestido".

Discografia

• Catadô de Bromélias - Sol do Meio Dia - 2008
• Um Pé no Mato, um Pé no Rock (Ao Vivo)- Sol do Meio Dia - 2006 (também em DVD)
• Tô Zerado – Sony - 2002
• O Novo Amanhece (Ao Vivo)– Kuarup - 2000
• No Meio da Área – Paradoxx - 1998
• Acústico (Ao Vivo) – Paradoxx - 1996
• Aprendendo a Viver – Eldorado -1994
• Ninho de Sonhos – Eldorado - 1991
• Viagens & Versos – Eldorado - 1990
• Poeira e Canto (Ao Vivo) - Vaqueiros Urbanos/Eldorado - 1988
• No Arco da Porta de Um Dia – Arca - 1986
• Sol Girassol – Copacabana - 1984
• Caminhos de Minas – Copacabana - 1983
• Zé Geraldo – CBS - 1981
• Estradas – CBS - 1980
• Terceiro Mundo – CBS - 1979
• Zegê e The Silver Jets – Rosenblitz - 1970


JCA

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 52

Entre as diversas formas de mendicância, a mais humilhante é a do amor implorado.
JCA

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 3

Hoje amanheci triste ou mais cansado talvez, quase desisto da caminhada com meu amigo da “melhor idade”, meio a contragosto fui. Quando cheguei ele ainda não estava, sentei na grama e esperei, depois de algum tempo apareceu, calado, cabisbaixo, respeitei seu momento e convidei-o a caminhar. Começamos a jornada sob o sol das sete horas, batia um vento leve que deixava o clima perfeito. Depois de uns quinze minutos ele começou a falar. Disse que acordou bem cedo como fazia todos os dias, tomou banho e café e depois foi ao quintal onde mora há quase dez anos Tuniko seu cachorro e companheiro. Estranhou não vir pulando, fazendo festa como sempre, procurou em todo canto e de repente percebeu que embaixo de uma mangueira seu amigo estava deitado, parecia estar dormindo, pois nem mesmo o viu chegar perto. Aproximou-se com jeito e confirmou sua desconfiança: seu grande companheiro havia partido. Com certeza foi à noite, já estava gelado. Adorava aquela mangueira, sempre que estava sozinho era lá que se deitava, dormia como criança nova. Decidiu que ali seria seu local de descanso. Voltou a casa, apanhou as ferramentas, fez a cova e enterrou seu amigo, não sem antes fazer uma oração. Contou que só veio hoje porque sabia que poderia durante a caminhada dividir comigo esta dor. Que bom que venci a tristeza que amanheceu dentro de mim. Falou de tudo chorando sem parar de caminhar e voltou a ficar mudo. Continuamos a nossa caminhada em silêncio. Uma parte pelo Tuniko e ao outra pela lição: No silêncio também se aprende...


JCA

domingo, 20 de fevereiro de 2011

MENSAGENS DA TRAÇO LEAL - REFLEXÕES

Disse Jesus: Tenho vos dito isso, para que em mim tenhais a paz no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. JOAO, 16,33

JCA

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 2

Vai nascendo um novo dia e ao lado do meu mais novo e experiente amigo inicio mais uma caminhada, os primeiros minutos são de absoluto silêncio que havia sido quebrado na chegada por um carinhoso bom dia de ambos. Caminhei por quase uma hora pensando, ouvindo o som das folhas secas sendo pisadas por nós dois e o cantar dos passarinhos. Refleti durante quase todo o tempo sobre sua última frase no dia anterior: “no silêncio também se aprende”. Confesso que não consegui entender, mas não iria perguntar nada para não perder a oportunidade de desfrutar de companhia tão agradável e também para não parecer ignorante demais para que ele continuasse a caminhar a meu lado. Para minha surpresa foi ele quem quebrou o silêncio me perguntando em que eu tanto pensava, pois não havia dito uma palavra, além de bom dia por quase uma hora. Respondi que mesmo parecendo menos inteligente do que ele poderia supor, ia me arriscar: “O que o senhor quis dizer com aquela frase – no silêncio também se aprende? Pediu-me para fazer uma parada, sentamos em banco à beira do lago e com muita tranqüilidade ele foi me dizendo: - Primeiro não pense que vou mensurar sua inteligência por entender ou não as maluquices de um velho. Segundo é apenas uma frase que atingiu seu objetivo, pois fez você refletir. O silêncio, meu amigo pode ser muito cruel. Ele nos obriga a conviver conosco, o que não é fácil. Ele nos remete a pensamentos que normalmente não aparecem durante os ruídos do dia a dia. O silêncio é um grande mestre, nos ensina a perdoar (a nós mesmos), ensina também a enfrentar (nossos medos mais ocultos), e nos mostra um lado nosso que passamos o tempo todo escondendo dos demais. O silêncio é o esconderijo da sabedoria, da coragem e do perdão.

Muito bem estou mais descansado, vamos continuar andando, amanhã conversamos mais, caminhemos em silêncio e aprenderemos outra lição...

JCA






ANIVERSÁRIO DA PRIM

Existem coisas na vida que nada pode apagar:

A palavra proferida, as alegrias da vida, a certeza de amar.
Ganhar de manhã um sorriso, a chegada do juízo, aprender a perdoar.

Existem coisas na vida que sempre permanecerão:
Os filhos que Deus nos dá, a paz que a gente conquista saudade no coração,
Lembrança do primeiro amor, amizades de valor, a presença de um irmão.

Existem coisas na vida que devem ser comemoradas com a presença dos amigos,
Tomara que neste domingo sua casa esteja cheia de gente querida contigo,
Que Marina e a Gabi encontrem sempre em seu peito um verdadeiro abrigo.

Aproveite esta manhã para fazer algo diferente, faça limpeza no armário,
Jogue fora e o que não usa para o novo poder entrar. Tire da sala o calendário,
Aproveite melhor seu tempo no aconchego do seu lar. E feliz aniversário.

JCA

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A... DA MINHA VIDA

Todos já ouvimos alguém dizer assim: esta é a música da minha vida, a mulher da minha vida, a maior paixão da minha vida, a razão da minha vida e muito mais. Afinal de onde surgem estas expressões e na verdade querem dizer o que realmente?

No silêncio desta manhã, comecei a pensar neste assunto e na minha modesta opinião, não acredito que esta frase se já com relação ao que for não faz o menor sentido e vou tentar explicar por que.

Como é que uma pessoa que está viva, no auge de sua jovialidade mesmo que já tenha passado dos setenta anos, pode-se atrever a dizer que alguma coisa é mais importante, mais profunda, essencial ou definitiva numa existência que não se encerrou? Ora eu aceitaria sim esta afirmação de uma pessoa que estivesse para “tomar o barco”, como diz um amigo meu com relação aos que morrem. Ali nos últimos instantes com a certeza de que a missão neste plano está se encerrando sim, é possível avaliar o que foi ou deixou de ser a... da vida. Quantas vezes já ouvi uma mulher dizer que o fulano era o homem de sua vida e em alguns dias, semanas, meses ao encontrá-la com outro lhe perguntava sobre o tal homem de sua vida. A resposta olha eu estava enganada, mas este que encontrei agora sim é o homem da minha vida. E esta sucessão de parceiro perfeito e definitivo vai transformando aquilo que deveria ser o mais importante em sua vida em coisa nenhuma, em um grande engano.

A avaliação das coisas importantes da vida deve ser feita no momento de deixá-la. Esta é apenas a minha opinião, não estou dizendo que seja a maior verdade da vida.

JCA

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MENSAGENS DA TRAÇO LEAL - REFLEXÕES

Nós poderíamos ser melhores se não quiséssemos ser tão bons. Freud

JCA

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 51

Sentimos saudade de certos momentos da nossa vida e de certos momentos de pessoas que passaram por ela.
JCA

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 1

Uma das coisas que sinto falta é de uma conversa amiga. Mesmo que seja apenas um papo furado, a gente sempre pode aprender, evoluir se tornar alguém melhor. Mas a conversa de fato deveria acontecer com pessoas mais experientes, mais vividas, mais sofridas.

Gostaria de poder, ao menos uma vez na semana caminhar com um velhinho ou velhinha não importa e ouvir suas histórias. Andando à beira de um lago, vendo os peixes bem tranqüilos nadando até próximo à margem, queria lhe perguntar sobre coisas que ainda não consegui compreender, por exemplo: Como a gente deve aprender as coisas que a vida ensina?

Com a maior tranqüilidade que a sabedoria do tempo lhes deu, talvez eles me dissessem:

- Existem duas maneiras de se aprender algo na vida, pelo amor ou pela dor. As lições que amor nos dá infelizmente a gente esquece, pois o ser humano tem o defeito de valorizar coisas ruins, as experiências frustradas. Enquanto estamos vivendo uma grande felicidade as coisas não são percebidas, vazam pelos pensamentos como areia nos vãos dos dedos.

Agora as lições da dor são sentidas intensamente, calam no fundo da alma e machucam o coração. A morte de alguém querido demoramos a esquecer, mas os momentos vividos com ela de alegria e contentamento não conseguimos manter dentro do peito da mesma forma. Um amor quando se vai parece o fim do mundo, vamos morrer com ele, o desgosto é imenso, a tristeza é profunda, a dor é quase incurável. Mas e as coisas boas que vivemos com ele? E as manhãs iluminadas mesmo quando estava chovendo só porque ele existia?

Para concluir meu amigo, o velhinho me diria, aprender as lições da vida sejam de amor ou de dor, depende de intensidade, empenho e necessidade. Intensidade para viver cada instante como se fosse o último, empenho em dar a cada segundo a importância de uma vida inteira e necessidade de lembrar-se disso todas as horas do dia.

E vamos continuar caminhando, amanhã a gente conversa mais, no silêncio também se aprende...

JCA

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SAUDADE

Quando o vento foi chegando, trouxe consigo a saudade
De amores, pessoas, lugares, tudo que no passado me dava felicidade
Trouxe também a tristeza de um amor que se perdeu
Este vento traz de volta a dor do que já morreu

Ainda bem que existe o tempo que cura tudo na vida
Bem de leve de mansinho cicatriza e faz fechar a mais grave das feridas
Cura ou faz esquecer? Bom, tira da gente a vontade de chorar todos os dias
E aos poucos vai voltando, invadindo minha alma aquela velha alegria

Até que chega um momento que outro amor, outra pessoa surge em outro lugar
Traz junto a felicidade que há bem pouco não sabia nem tinha como encontrar
Mergulhando de cabeça, entro de novo no barco que me leva ao paraíso
A vida ganha sentido, neste período bonito no rosto sempre um sorriso

Mas tudo no mundo passa, felicidade também e o grande amor vai embora
Deixando em seu lugar um vazio sem tamanho que dói em todas as horas
Então o maldito vento, implacável e cruel, vai entrando e traz de volta
A saudade e a tristeza que machucam sem piedade este coração sem porta

JCA

PARA CRIAR NÃO SE PODE PENSAR...

Uma das composições mais bonitas do saudoso João Nogueira se chama O Poder da Criação, na letra ele descreve toda a naturalidade com que acontece o encontro da inspiração com o criador. Com a sabedoria de grande mestre que sempre foi ele vai apresentando a receita para se tornar um compositor: “Não, ninguém faz samba só porque prefere, força nenhuma no mundo interfere sobre o poder da criação...”. Pensando nisso e lembrando do meu ídolo João Nogueira, comecei a analisar as razões que me levam a escrever todos os dias, pelo menos um texto, quando não vários. Do mesmo modo que acontece com o compositor que é tomado pela letra e começa a sentir a chegada da melodia, o texto me invade, toma conta das minhas idéias e a única coisa que não posso fazer nesta hora é pensar. Não tenho o direito de tentar formatar, escolher as palavras, imaginar a conclusão final. Tenho sim, a obrigação de sentar e começar a digitar. As letras vão se encaixando, as palavras formando frases, frases se entrosando e tomando sentido e, finalmente ali está o texto pronto. Ah! Importante, assim que termino de escrever preciso publicar, não leio, não reviso, não faço absolutamente nada para não (me) atrapalhar. Publicado não me pertence mais, é propriedade dos que lêem faz parte daqueles se deparam com ele, mesmo que sem querer. Alguns comentam, outros nem sequer me deixam saber se o viram, mas ele está ali, para sempre. Mais ou menos como o filho que a mãe coloca no mundo, veio de dentro dela, mas nunca lhe pertenceu, dependeu dela, mas nunca foi sua propriedade, necessitou de sua emoção, mas nem sempre lhe deu satisfação das coisas que fez as pessoas sentirem ao ter contato com eles enquanto estão longe dela. O texto é assim, uma obra que sai de mim, assume vida própria com a publicação e cai no esquecimento daqueles que o leram depois de um tempo. É nesta hora, quando meses ou mesmo anos já se passaram que vou me empenhar em lê-lo, somente aí emocionalmente preparado, com a consciência plena de ser apenas um leitor, posso usufruir do prazer ou da raiva que este escrito pode proporcionar. À distância, sem o direito de poder modificar nenhuma vírgula e ponto final.

JCA

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 50

Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro.
O amor subiu na árvore em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem às vezes não sara nunca às vezes sara amanhã.


JCA

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O ESCRITOR GREGÓRIO DE MATOS E O BBB

Tristes Trópicos – por Gregório de Matos

É sabido que desde a morte do grande apresentador e empresário de TV Flávio Cavalcante em 1978 a TV brasileira vem de mal a pior. Que meus amigos do meio não me entendam mal; tal qual os surrados soldados americanos sofrendo nas mãos dos chineses no clássico filme sobre o Vietnã “Ponte do Rio Kwai”, os profissionais tentam fazer o melhor, mas quando a própria direção orienta que o trabalho seja sujo, nada mais pode ser feito.
Esse programa, esse Big Brother de nada lembra a sociedade descrita por Aldus Huxley em seu romance homônimo. Estamos emburrecidos enquanto povo e os “brothers” só espelham isso, mas um espelho é muito mais do que algo que reflete. Um espelho também inspira. E me deprime o que esse Big Brother inspira, acreditem.
Claro, não vivemos mais o tempo bárbaro onde autores radicais como Balzac e Oscar Wilde pregavam fogueira para homossexuais, mas a depravação nesse programa está descabida. Depravação essa exacerbada pelo álcool, “maior inimigo do Homem”, nas palavras do grande cordelista Jessé Gomes da Silva Filho, meu fiel companheiro de discussões filosóficas no Calabouço, popular ponto de encontro na USP dos Anos 70.
É preciso controle, é preciso moderação. Mostrar os brasileiros como eles são não ajuda na formação do caráter de nosso povo. Temos que nos ver como fingimos ser, não como realmente somos. Quem vai fantasiado de espelho nunca é convidado para o próximo baile de máscaras. Ou nos conscientizamos disso ou continuaremos a não ser, nas palavras do General Geisel, um país sério.

JCA

DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 20 - CEUMAR


Ceumar Coelho (Itanhandu, 19 de abril de 1969) é uma cantora, compositora e instrumentista brasileira.
Nascida na região da Serra da Mantiqueira, no sul de Minas Gerais, O pai Clélio, conhecido como "A voz de veludo", era cantor e violonista e fazia pequenos shows com o grupo Trinhandu. Junto com as irmãs Clélia e Cilene estudou piano e teoria musical. O avô materno era regente de orquestra e tocava tuba. Aos 16 anos começou a aprender violão. Dois anos depois entrou para a Fundação de Educação Artística, em Belo Horizonte, onde estudou violão clássico, canto e Disign Gráfico. Por essa época já trabalhava na noite cantando e tocando em bares de Belo Horizonte. Trabalhou também com jingles e backing-vocal para amigos, pequenos shows e eventos.

Transferiu-se para a cidade de Itajubá, também em Minas Gerais, onde também fez aulas de dança, teatro e inglês, montando o primeiro show de carreira "30 músicas que você não ouve no rádio".

Seu primeiro CD, Dindinha, saiu em 2000, produzido por Zeca Baleiro, que também assinou a canção que deu nome disco. No segundo, Sempre Viva, Ceumar estreou como produtora, arranjadora e compositora, ao lado da poeta Alice Ruiz, em "Avesso", e de Chico César e Tata Fernandes, em "Boca da Noite".
A cantora tem se apresentado em turnês e projetos internacionais na Holanda ao lado do pianista jazzista Mike del Ferro. Como compositora, escreveu para a peça teatral do ator Gero Camilo, Canções de Invento, que traz referências a violeiros do nordeste como Xangai e Vital Farias e mistura poesia, teatro e música popular. Tem canções gravadas pelos cantores Rubi e Gonzaga Leal.
Discos
• Dindinha (CD/1999)
• Sempre viva (CD/2003) Elo Music.
• Achou! (CD/2006) (com Dante Ozzetti)
• "Meu Nome"( CD/2009) Solo - CIRCUS PRODUÇOES

JCA

TOMARA QUE A GENTE NÃO TENHA QUE CANTAR DE NOVO


Sivuca e Paulo César Pinheiro se juntaram e fizeram esta obra de arte que emociona, encanta e infelizmente nos faz lembrar um tempo de não precisaria ter existido em nosso Brasil. Mas se o tempo ruim não tivesse havido a inspiração também não existiria e nós seríamos privados desta maravilha do cancioneiro nacional. Não satisfeitos com a letra que é uma perfeição, com a melodia que nos faz esquecer tudo e navegar no ritmo, eles ofereceram à Deusa da voz, Clara Nunes a oportunidade de gravar. E ela com todo o seu talento, conseguiu colocar uma magia mais encantadora ainda dentro de sua interpretação. Vale a pena conferir e matar saudade da voz, da canção e dos anos de chumbo.

Estrela guia

Ah! A estrela guia vai romper
E alguém no povo vai nascer
E o nosso tempo de chorar
Vai se acabar

Ah! E as ruas vão resplandecer
Todos os ranchos vão descer
E as grandes marchas vão voltar
Pra se cantar

E sob os céus do país
Não lutaremos jamais
E esse será o mais feliz dos carnavais

Vão se calar os fuzis
Vão se beijar os casais
Pela esperança de um povo em paz


JCA

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 49

Há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la.
JCA

COMO CONJUGAR O VERBO AMAR

Existem quantas maneiras de conjugar o verbo amar?
A da mãe que ama seu filho e não o deixa nem chorar,
A do pai que trabalha duro para em casa nada faltar,
A do avô que dá ao neto o que aos filhos não pode dar.

Existem quantas maneiras de conjugar o verbo amar?
A da vaca que lambe a cria para a placenta retirar,
A da cadela que alimenta oito filhotes sem reclamar,
A da galinha que defende seus pintinhos sem pensar.

Existem quantas maneiras de conjugar o verbo amar?
A da sagrada escritura que nos diz para não matar,
A de José que por amor quis o filho de outro criar,
A de Nossa Mãe Aparecida que aceitou sem perguntar.

Existem quantas maneiras de conjugar o verbo amar?
Aquela que mostra que em tudo existe como perdoar,
Aquela que ensina o caminho mesmo a quem não pode andar,
A que mostra um lado lindo num problema de arrasar.

Existem quantas maneiras de conjugar o verbo amar?
Centenas é só ter vontade e querer ao outro ajudar,
Milhares se fechar os olhos e com o coração enxergar,
Milhões mas nós precisamos de verdade nos empenhar.

Existem quantas maneiras de conjugar o verbo amar?
A resposta verdadeira vamos morrer a procurar,
Em cada gesto e palavra que o próprio amor ensinar,
Nos mostrando a cada dia como é bom compartilhar.

Existem quantas maneiras de conjugar o verbo amar?
Deus entregou o seu filho para a humanidade salvar,
Maria assistiu a morte do amor vindo de seu lar,
Ele ressuscitou por nós todos e ao lado do Pai foi morar.

JCA

O CANTO DO CAIPIRA

O canto do sertanejo é mais de tristeza e de dor,
Do que de alegria e contentamento,
Mesmo que nessa cantiga coloque todo seu sentimento,
Tudo aquilo que acredita ser felicidade e amor.

O canto do sertanejo é embalado na viola,
Vem lá do fundo do peito, arrebenta o coração e explode na garganta,
E no olhar da gente a lágrima vai descendo quando ouve o que ele canta,
Não adianta segurar, a emoção toma conta e nada mais nos consola.

É história da sua vida, tudo que acontece na lida di dia a dia do sertão,
Parece que quando ouvimos a dor dele nós sentimos e vai dando aquele nó,
A impressão que eu tenho é que de lá de onde venho ninguém nunca foi tão só,
A tristeza me domina e o que a cabeça ensina é chorar de coração.

O canto deste caipira neste momento me inspira e corro para um papel,
Escrevo o que estou sentindo, enquanto continuo ouvindo o lamento verdadeiro,
De um cabra que sem estudo deixa todo mundo mudo neste recanto mineiro,
Onde a viola embala sob a luz da lua clara embaixo deste lindo céu:

A cantiga que encanta logo depois da janta enquanto o sono já vem,
Mexendo com a alma daqueles que não conseguem de jeito algum,
Colocar numa canção, encaixando direitinho simples versos um a um
As coisas que nem sabemos que o povo da roça tem.

JCA

COMO SURGEM AS NOVAS PARÁBOLAS

Imagine um operário em sua jornada diária, desde quando se levanta até o momento de seu reencontro com a cama.


O homem acorda com o despertador, pois o cansaço da luta cotidiana vai fazendo falhar seu preciso relógio biológico. Sai da cama e já começa a correria, banho, barba, dentes, cabelo, se veste e dispara em direção ao ponto de ônibus. Embarca (com dificuldade) no coletivo, viaja por pouco mais de uma hora em pé. Desce e caminha mais quinze minutos até chegar ao trabalho. Registra sua presença em uma máquina que lê sua impressão digital, corre mais um pouco até o vestiário, troca sua roupa por um uniforme, dirige-se até sua máquina e começa a trabalhar. Horas a fio de movimentos repetitivos, um chefe em sua cola, como se fosse uma sombra exige que produza cada vez em maior quantidade e melhor qualidade. Chega a hora do almoço, empresa grande (graças a Deus) tem refeitório, comida boa e farta, suco, sobremesa. Termina o horário bom do dia, retorna à máquina e recomeça a produção repetida de várias peças que irão abastecer outros setores onde mais operários repetem movimentos e fabricam diversos componentes que unidos ao final vão gerar algo de muito valor no mercado. Toca a sirene, terminou a jornada, o operário retorna ao vestiário onde deixa o uniforme e veste novamente sua roupa. Começa uma nova luta, contra o tempo, contra o aperto, contra o cansaço, mas por uma causa justa irá encontrar sua família. Depois de duas horas (no mínimo) finalmente está em casa. Beijo na esposa, abraço e atenção aos filhos, um carinho no cachorro. Um banho e vai à cozinha, janta e senta-se na sala diante da televisão, ao lado daqueles que ama e que são a principal razão de tanto trabalho, mas não consegue permanecer acordado por mais de dez ou quinze minutos, adormece sem perceber. A esposa carinhosa o acorda com delicadeza e pede para que vá dormir na cama, pois já é tarde. Obedece, sobe, escova os dentes, veste o pijama (na verdade aquela camiseta velhinha e um calção confortável), se deita na esperança de que ela (a esposa) venha logo, doce ilusão, as crianças estão a todo vapor, ele dorme e somente se dá conta de que ela dormiu a seu lado quando o despertador o chama de novo para mais um dia de luta.

Mas onde está a parábola? Na própria vida, a maioria de nós nem percebe que durante a nossa luta pelo pão de cada dia, o sofrimento é menor, o fardo é mais leve, o caminho é menos tortuoso. Este operário está ao nosso lado todos os dias, seja ele de qualquer profissão, padeiro, carpinteiro, mecânico, entregador. Estas pessoas juntas fazem repetidamente coisas muito importantes para outros setores da economia e no final um produto muito importante para o mercado, para o consumo, para o deleite de todos.

Na fábrica somos manipuladores de pequenas peças, na vida somos apenas engrenagens manipuladas por um ser superior. No fim somos teias de uma trama maravilhosa chamada “vida”.

As parábolas modernas aparecem da observação do que parece normal, mas que se revela assustador que se a gente olhar de modo bem profundo.

JCA

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

LIÇÕES PARA COMPARTILHAR

Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;

Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi...
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

(Boa noite , Amor )
William Shakespeare

JCA

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 48

Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante.
JCA

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CURTO E GRAVE

Dizem que se conselho fosse bom todo mundo venderia, mesmo assim vou me arriscar e dar um bem curtinho,mas quem não seguir pode sofrer consequências muito graves.
"Uma das maiores dificuldades que podemos encontrar na vida é a ausência de atitude. Como não percebemos que as coisas não acontecem simplesmente porque não tiramos a bunda da cadeira, do sofá ou seja lá de onde for para que nos seja possível agir? Nada muda se a gente não mudar."

JCA

ATÉ QUANDO?

Olha as vezes me pego desanimando com algumas coisas que me contam. Por exemplo, ontem um amigo me disse que a nova moda nas escolas é perder a virgindade. Pois é, ser virgem está colocando meninos e meninas em situação constrangedora. Até quando as pessoas vão continuar dando mais importância à opinião dos outros do que às suas próprias convicções? Meu Deus não acredito que em pleno século XXI, na era da internet, da informação imediata e globalizada, estudantes ainda caiam num conto do vigário antigo destes. É necessário e imprescindível que a família volte a existir... (perdão,demorei porque fui até o dicionário para saber se, pelo menos lá família ainda permanecia), pais e mães com a desculpa de que precisam trabalhar para o sustento da casa estão abandonando seus filhos à própria sorte. Crianças vivendo oprimidas numanova espécie de bulling, e pior sem ter com quem conversar sobre o tema, a não ser os próprios opressores. Está na hora da sociedade despertar para aquilo que realmente é importante para o futuro. De que adianta acordar cedo, deixar o "lar" em busca de dinheiro, se depois ele terá que ser aplicado em terapias, internações, medicamentos ou mesmo num funeral? Até quando as pessoas adultas, ditas responsáveis continuarão dando mais importância ao ter do que ao ser.
Sejam pais e mães de verdade, cuidem,  zelem e respeitem os filhos que colocaram neste mundo insano.