terça-feira, 31 de agosto de 2010

DE MINAS PARA O MUNDO 12 - PAULA FERNANDES


Cantora e compositora, Paula Fernandes, 25 anos, nasceu em Sete Lagoas, em Minas Gerais. Começou a cantar ainda criança, aos oito anos e, aos 10, lançou o primeiro disco independente, “Paula Fernandes”. Nesta época, se apresentou em festas e casas de espetáculos de sua cidade e arredores e participou de programas de televisão e rádio para divulgar o trabalho. Em Sete Lagoas, Paula apresentou o programa de rádio “Criança Esperança” na companhia dos amigos Brandão e Sidney a boa atuação a levou a participar de vários números autorais no programa “Paradão Sertanejo”, da TV Band Minas.

Aos 12 anos, Paula Fernandes se mudou com a família para São Paulo e foi contratada por uma companhia de rodeios, com a qual trabalhou durante cinco anos, viajando por todo o Brasil como cantora da trupe, o que lhe rendeu bastante experiência de palco, repertório e vida artística. Neste mesmo ano, inspirada no sucesso da novela “Ana Raio e Zé Trovão”, Paula lança seu segundo CD, “Ana Rayo”, com repertório pop/sertanejo. Paula então foi apresentada ao diretor Jayme Monjardim pelo produtor musical Marcus Viana, conhecido por criar trilhas sonoras de produções como as novelas “Pantanal”, “O Clone e “A Casa das Sete Mulheres”. O contato resultou na gravação da música “Ave Maria Natureza”, uma versão da “Ave Maria” de Schubert, bastante executada na trilha da novela “América”.

Neste mesmo ano, Paula Fernandes lança seu terceiro CD, “Canções do Vento Sul”, pelo selo Sonhos e Sons, com participação do grupo Sagrado Coração da Terra e do cantor Sérgio Reis, este na música “Sem Você”. “É a mais bela voz que ouvi nos últimos dez anos”, afirmou Reis na época. No álbum, Paula já mostrava sua diversidade artística, com temas que passavam pela MPB, música pop, country, sertanejo de raiz e pitadas de world music. O disco rendeu a Paula uma importante indicação ao Prêmio Tim de Música Brasileira de 2006, na categoria de Melhor Cantora Popular (júris popular e oficial).

Em dezembro de 2006, Paula Fernandes lança o álbum “Dust in the Wind”, também pelo selo Sonhos e Sons, com músicas de seu repertório internacional, como “Angel”, de Sarah MacLachlan, “The Boxer”, de Paul Simon, além de uma bela versão para a música “Dust in the Wind”, do Kansas, incluída na trilha sonora da novela “Páginas da Vida”.

Em 2008, Paula Fernandes é contratada pela Universal Music, que aposta no talento da cantora mineira no CD “Pássaro de Fogo”, com destaque para as músicas “Meu eu em você” e “Pássaro de Fogo”. Ainda antes do lançamento do disco, a gravadora opta pela Internet como porta de entrada de divulgação do novo trabalho. A iniciativa agregou novos fãs e sedimentou antigos admiradores da cantora.

JCA

E O TIRO PODE SAIR PELA CULATRA

Eleição é um jogo de xadrez, complicado, com regras séria e que precisa ser disputado, muito mais com raciocínio do que com esperteza. Não se ganha no xadrez com muito dinheiro, não se ganha se tiver uma porção de gente gritando seu nome nas esquinas, não se ganha com o maior número de carros circulando e muito menos com mais fotos esparramadas pela cidade e pela região. Eleição se ganha com atitude, com um caráter definido ao longo de toda uma jornada de vida. A trajetória pessoal, as conquistas profissionais, as relações permanentes ou temporárias, mesmo aquelas ocasionais, deixam marcas nas pessoas, no caminho e na história de vida de cada um de nós. Ao lançar o nome numa disputa de um cargo eletivo, tudo isso deve ser analisado e colocado na balança, seja pelos adversários, seja pelos eleitores. Tomara que chegue o dia em que o passado dos candidatos seja uma porta fundamental de acesso ao mandato. Tomara que chegue o dia em que as pessoas de bem se candidatem e diminuam o espaço ocupado pelos oportunistas.

JCA

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

COMEÇAM AS VISITAS DOS CANDIDATOS

Hoje Itajubá recebeu a visita dos primeiros candidatos importantes às eleições 2010. José Serra, candidato à Presidência, Aécio Neves, candidato ao Senado e Anatasia canddato ao Governo de Minas. A multidão acompanhou os candidatos em caminhada pela Rua Nova, depois um pequeno discurso na Praça Wenceslau Brás e finalmente a volta para Helibrás e o embarque para outra cidade. Foi a primeira mostra de que nossa cidade é importante para o processo eleitoral. Tomara que os itajubenses escolham direito e não se arrependam do que fizerem no dia 3 de outubro. Que Deus nos ilumine e abençoe neste dia.

JCA

domingo, 29 de agosto de 2010

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 28

Necessitamos sempre de ambicionar alguma coisa que, alcançada não nos torna sem ambição.

"PONTO DE PARTIDA" E UMA UNIVERSIDADE DE MÚSICA PARA OS MAIS NECESSITADOS














Elenco

Ana Alice Souza
Beth Carvalho
Carolina Damasceno
Dani Costa
Eloiza Mendes
Érica Elke
Felipe Saleme
João Melo
Júlia Medeiros
Lido Loschi
Lourdes Araújo
Pablo Bertola
Renato Neves
Ronaldo Pereira
Soraia Moraes
Iluminador
Rony Rodrigues
Direção
Regina Bertola
Produção
Fátima Jorge
Júlia Medeiros
Pablo Bertola
Equipe Técnica
Trabalham constantemente com o grupo:
Jorginho de Carvalho: iluminação
Gilvan de Oliveira: direção musical, arranjos, composição e violão
Babaya: preparação vocal
Tânia Werneck, Alexandre Rousset e Tereza Bruzzi: cenografia e figurino
Tião Rocha: assessoria
Gutt: arte gráfica
Murilo Correa: sonorização

Talvez por trazer implantado em sua estrutura o gene de sua origem como movimento cultural, comprometido com projetos de mobilização e cidadania, ligado às diversas áreas do fazer cultural como música, literatura, artes plásticas, jornalismo, educação. Talvez por vocação ou formação, o fato é que o Ponto de Partida cresceu tecendo laços, fundando parcerias, estabelecendo alianças.

Por catalisar e mobilizar desejos e sonhos, conquistou uma representatividade que logo lhe exigiu uma escolha - se quisesse de fato intervir no contexto do seu tempo histórico, mais que o representante, era preciso ser o portador desses desejos. Ora, desejos não se transportam em potes, é preciso encontrar uma forma para expressá-los.
Então nos inventamos um grupo de teatro e fizemos uma opção que nos determinou - não nos mudaríamos de Barbacena, mas também não aceitaríamos os limites da província. Não seríamos emigrantes, mas viajantes e hospedeiros.
Estava instalada uma picada na contramão da produção cultural brasileira, que há muito já havia definido seu endereço e suas vitrines. Modificar este fato exigiria três condições básicas: originalidade, trabalho e competência. A partir disso o grupo definiu suas diretrizes: trabalharia com pesquisa, principalmente da cultura brasileira, e investigaria uma linguagem que conquistasse uma identidade e colocasse o homem brasileiro no palco, no papel principal. Seu principal investimento seria em formação, contínua e diversificada, na busca incessante por qualidade e aperfeiçoamento. Seria itinerante e independente e, portanto, mais do o que dominar, era preciso inventar formas alternativas e efetivas de produção.
Nestes vinte e seis anos o Ponto de Partida tornou-se uma companhia de repertório, itinerante, independente, com 20 profissionais em exercício permanente, 26 espetáculos montados e cunhou uma marca. Sistematizou processos e métodos de criação e produção, conquistou parcerias, construiu um repertório de dramaturgia brasileira dos mais consistentes, inaugurou um canto aprendido no ventre das minas e ele rompeu forte das entranhas das Gerais ressoando pelo Brasil e as lonjuras da África, da Europa e da América do Sul.
Nestes anos conviveu ou trabalhou com figuras referenciais da cultura brasileira como, Milton Nascimento, Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Paulo Gracindo, Jorge Amado, Manoel de Barros, Álvaro Apocalypse, Maestro Ademarzinho, Adélia Prado, Bartolomeu Campos Queirós e com meninos, operários, policiais, anônimos que marcaram sua trajetória. Experimentou vivências inesquecíveis em suas viagens. A Angola, em plena revolução. Em Paris onde representou o Brasil nos 50 anos da Unesco e apresentou-se, anos depois, no Théâtre des Champs-Élysées com os Meninos de Araçuaí e Milton Nascimento. Nas temporadas em Montevidéu, onde conheceu e ainda conviveu com o lendário diretor do El Galpon, Atahualpa del Cioppo. Em suas andanças pelo interior de Portugal apresentando em antigos claustros, ruínas de castelos, teatros centenários, ou cortando o sertão mineiro atrás dos rastros desse homem-humano, brasileiro e hóspede do universo, inacabado e em travessia, estranha dualidade presa num só corpo, aleijão e milagre, jagunço e herói, mítico e bizarro, homem e mulher, Deus e o diabo, e que os desavisados acreditam ser uma invenção de João Rosa. Conquistou prêmios como a Medalha do Mérito Cultural, da Presidência da República, a Medalha da Inconfidência Mineira, do governo de Minas Gerais e o respeito profundo de seu público com quem estabeleceu laços fecundos e apaixonados.
Por configurar-se como uma referência de estrutura de grupo no universo cultural do Brasil, por construir uma trajetória singular e inovadora, pela qualidade que já conquistou e que busca incessantemente, o trabalho do Ponto de Partida tornou-se exemplar, estimulando a criação de novos grupos, promovendo um intercâmbio permanente com os vários movimentos espalhados por Minas e pelo Brasil, repassando processos, métodos e tecnologias que já incorporou e sistematizou.
Por tudo isso seu núcleo original ampliou-se aglutinando profissionais das mais diversas áreas e centenas de jovens em busca de formação. Atualmente o Ponto de Partida é responsável direto pela formação ou o trabalho de 211 pessoas. Os 15 profissionais do grupo, que se dividem e se somam como atores, cantores, produtores, mobilizadores, técnicos, músicos, professores, diretores, 9 músicos que trabalham como mestres na Bituca e na Casa de Arte&Ofício e atuam nos espetáculos musicais do grupo, 120 aprendizes da Bituca - Universidade de Música Popular, 20 jovens atores que fazem formação na Casa de Arte&Ofício, 40 crianças do coro dos Meninos de Araçuaí e 8 profissionais que trabalham permanentemente em sua equipe técnica.
Parece, às vezes, que o Ponto de Partida não é um grupo de teatro, mas uma fundação cultural que tem que manter sua atuação no nível da excelência, para que todos esses projetos sejam eficientes, fecundos e prazerosos. No entanto o trabalho indescritível que tudo isso nos obriga não nos roubou a paixão, a humildade de respeitar os mistérios, a paciência de amadurecer desejos ao sereno, a coragem de desbravar o sertão, a alegria para grandes pelejas, o prazer de inventar histórias, a mania de entortar o rumo das coisas e a certeza de que quando o sonho e o trabalho se juntam, até o milagre é possível.

O trabalho evoluiu e surgiu a necessidade e o desejo de oferecer formação a novos profissionais, mas para implantação seria necessário montar uma escola ou melhor uma universidade, começando pela música. Nasce assim a Bituca: Universidade de Música Popular, uma escola diferente onde os professores não são doutores e nem mestres graduados em outras Universidades de renome, mas sim músicos de verdade, batalhadores e experientes homens e mulheres que passaram toda a vida atuando diretamente com o público e recebendo deste público a energia necessária para seguir em frente. 
Imagine uma escola de música popular brasileira, profissionalizante, no interior de Minas Gerais, instalada num complexo arquitetônico do século passado, que abrigou a primeira fábrica de seda do Brasil, cercada por Mata Atlântica preservada, onde os mestres são, em vez de acadêmicos, músicos renomados e os cursos são inteiramente gratuitos. Essa escola existe, é a Bituca: Universidade de Música Popular criada em Barbacena, há quatro anos, pelo Grupo de Teatro Ponto de Partida.
Continuando o projeto De Olho no Palco, a Bituca: Universidade de Música Popular apresenta mais duas bandas formadas com seus alunos, a banda instrumental “Quatro no Trio” com direção musical de Gilvan de Oliveira e a banda “ Mentira Cabeluda” com direção musical de Ian Guest. O Ponto de Partida assina a produção e a direção artística.
Quatro no Trio
Rafael Gonçalves, Guilherme Veroneze, Dall Silva, Gladston Vieira
Mentira Cabeluda
Natália Vargas, Rick Vargas, Júlio Sátyro, Janice Vallo
Esse projeto é uma ótima oportunidade para que o público veja de perto o resultado do trabalho feito na Bituca e também conheça os novos talentos da MPB.
Os shows acontecerão na Bituca: Universidade de Música Popular
Quatro no Trio - 09/09 quinta-feira às 20h.
Mentira Cabeluda - 11/09 sábado às 20:00h.
Ingressos limitadíssimos
Informações e vendas: 3331 5803 - http://www.grupopontodepartida.com.br/

JCA

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PROCESSO ELEITORAL

Está chegando o dia três de outubro, eleições 2010. Teremos que votar em seis candidatos:
1 Deputado Estadual;
1 Deputado Federal;
2 Senadores;
1 Governador e1 Presidente da República.
Quase uma eleição geral, para isso precisaremos nos preparar, teremos que conhecer os candidatos, suas propostas (promessas), suas intenções caso sejam eleitos.
Vamos tentar usar para eles o mesmo critério que adotamos para quando entra em nossas casas aquele ou aquela, se candidatando à vaga de genro ou nora, como assim?
Ou seja: eu pai perguntaria ao rapaz, algumas coisas básicas, por exemplo, se trabalha, a que família pertence, se estuda, o que já fez, por onde andou...
E... imagino que a mãe ao receber a mocinha, elegante, muito bem maquiada (sem exageros), com um decote sóbrio e pernas devidamente cobertas, seria direta ao perguntar se a donzela sabe cozinhar, lavar, passar, cuidar de uma casa.
Não agimos assim com aqueles que poderão interferir e modificar nossas vidas de maneira definitiva em nossas vidas.

JCA

DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 11 - CLUBE DO CHORO DE BH

O Clube do Choro de Belo Horizonte.

31.05.2006

A partir dos encontros de chorões nas quintas feiras no “Bar do Bolão”, um dos mais tradicionais e permanentes redutos de choro de Belo Horizonte, surgiu a intenção e decisão de se fundar o “Clube do Choro de Belo Horizonte”, fato ocorrido em 31/05/2006.
Foi eleita a diretoria presidida pelo engenheiro e músico Jonas Cruz (Coronel Jonas); ao lado de Sílvio Carlos Silva Costa (Sílvio Carlos 7 cordas), como diretor cultural; e Lúcio Flávio Silva, como diretor administrativo, para uma gestão de 5 anos.
Contando com mais de 50 sócios, sendo 21 fundadores, o Clube do Choro de Belo Horizonte promove encontros e reuniões mensais em sua sede provisoriamente estabelecida à Rua Desembargador Fernando Bhering, 244, no Bairro Dona Clara, CEP 31260-260 – Belo Horizonte – MG.
Os objetivos principais do Clube do Choro de Belo Horizonte são:

- Promover e divulgar a música popular brasileira, com destaque especial para o choro
- Promover trabalhos de revitalização e atualização de obras de grandes compositores brasileiros e mineiros
- Promover e manter acervo de publicações, partituras, gravações (discoteca e videoteca) da música popular brasileira
- Desenvolver projetos relacionados à música instrumental brasileira
- Viabilizar a contratação de músicos para apresentações em eventos promovidos pelo Clube do Choro
- Estimular e apoiar, a formação de grupos musicais para divulgação da música popular brasileira, com destaque especial para o choro
- Estimular e promover o ensino do choro e educação musical
- Realizar, estimular, participar e auxiliar na promoção de estudos, pesquisas, debates, divulgações e publicações sobre a música popular brasileira.

JCA

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 10 - ROSA MARIA

Rosa Marya Colin
(Machado, 27 de fevereiro de 1945) é uma atriz e cantora brasileira.

Cantora mineira, mais conhecida apenas como Rosa Maria, começou a carreira no Rio de Janeiro aos 18 anos, cantando bossa nova e jazz no Beco das Garrafas, depois de trabalhar como operária. Com o registro grave de sua voz, adaptou-se bem ao repertório jazzístico, e em 1965 gravou o primeiro disco pela Odeon. Depois disso fez shows por todo o Brasil, participou de programas de televisão e atuou na primeira montagem brasileira do musical "Hair". Também trabalhou no México, onde teve bastante êxito cantando em um hotel. A partir do início da década de 80 firmou-se como cantora de jazz, tocando ao lado da Tradicional Jazz Band. Com alguns discos gravados mas ainda pouco conhecida depois de mais de 20 anos de carreira, uma gravação despretensiosa para um comercial de televisão em 1988 alçou-a ao topo das paradas. Uma regravação "cool" de "California Dreamin'", do grupo The Mamas And The Papas, para uma loja de departamentos tornou-se o seu grande sucesso, nunca mais repetido. No fim dos anos 90 mudou o nome para Rosa Marya Colyn.
Dona de uma beleza explêndida, uma excelente representante da raça negra, Rosa Maria sempre foi vista como uma mulher muito bonita, mas reservada.
Em 2007 deu um grande passo em sua carreira: ela se tornou a Tia Nastácia do Sítio do Picapau Amarelo.

JCA

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 27

Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.

O ARTISTA E O PÚBLICO, PURA MAGIA.

A magia do palco já tentou ser explicada por cantores, compositores, poetas e artistas em geral, alguns conseguiram sintetizar a emoção, a energia em versos ou mesmo em palavras. Outros retiraram da alma definições que jamais poderemos reviver. Mas somente quem já esteve aqui, debaixo das luzes, flechado por tantos olhares, sentindo no peito a emoção de vocês é capaz de entender o que todos eles quiseram dizer. A cada gesto, cada sorriso, cada olhar terno e profundo e, até mesmo em alguns momentos, numa lágrima que cai, nós encontramos a fonte que alimenta a nossa vontade de seguir em frente com a certeza de que aquilo que fazemos realmente vale a pena. O aplauso, o respeito e a quase devoção com que nos encantam a cada música, a cada nota dos instrumentos são o néctar que nos faz querer mergulhar cada vez mais no mundo da arte. É uma honra poder estar aqui e receber tanto mesmo oferecendo tão pouco.

JCA

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 26

Há homens e mulheres que fazem do casamento uma oportunidade de adultério.

domingo, 15 de agosto de 2010

DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 9 - WILSON DIAS

Wilson Dias, quando a vida legitima a arte.
Muitos elementos contribuem para a formação e o desenvolvimento de um artista, para forjar as características do seu trabalho e definir seu relacionamento sua cultura , bem como traçar o perfil de seu público. É o conjunto destes elementos articulados dialeticamente ao longo de toda uma carreira que garante o nome que carrega e sustenta suas conquistas em termos estéticos e de mercado. É este o caso do cantor, compositor e violeiro Wilson Dias, mineiro de Olhos D’Água, no Vale do Jequitinhonha, lugar especial, porque é ponto de partida de uma trajetória de sucesso.
Foi desse pequeno celeiro cultural que Wilson Dias herdou e trouxe para a arte as benéficas influências da vida em comunidade, da cultura e da arte popular, em suas manifestações tanto religiosas, quanto profanas. Enriquecido pelo berço onde nasceu, o artista cresceu aberto para a vida e livre para experimentar e se enriquecer ainda mais culturalmente, com todas as influências e experiências oriundas do folclore e da seresta mineira.
E mais, pode, sem perigo de contaminação negativa, ouvir de tudo – do samba ao bolero, do rock ao Jazz – e de tudo extraindo o que é a essência de um músico profissional : o amor e o gosto pela música e o conhecimento de seus princípios fundamentais, como ritmo, harmonia, melodia, sem se fechar , sem se limitar à um só estilo ou forma de realizar suas composições.
Graças a sua dedicação, ao seu empenho e ao seu profissionalismo Wilson Dias teve condições de há mais de quinze anos viver exclusivamente de seu trabalho musical. Não é por acaso que dois de seus três filhos, Wallace Gomes (violão e flauta) e Pedro Gomes (baixo), estão seguindo a força de seu carisma e de seu exemplo, dividindo com ele os desafios e as alegrias do palco em quase todas as suas apresentações. Esteticamente, além da diversidade de ritmos da Música Popular Brasileira, o artista vem direcionando sua carreira para o encontro entre a tradição e o urbano com um viés especial para a cultura popular brasileira.
Sensível e atento às coisas da terra e da vida , Wilson Dias conta que “certa vez, quando eu ainda era criança, fiquei observando um pequeno bicho que carregava uma carga imensa em suas costas. Eu quis tocá-lo, mas meu pai me interrompeu dizendo para ter muito cuidado, pois se tratava do “bichinho da fartura”, anunciando tempo bom e colheita abundante para aquele ano. Pois bem, se eu pudesse soprar no ouvido de cada filho dessa pátria, eu diria que a cultura popular é exatamente esse bichinho.
Ela é a locomotiva que conduz o trem da vida. Está presente em tudo. Canto, dança, crença, fala, livros, cores, soluções para os problemas. É passado e presente apontando o futuro. Propõe que nos encontremos e nos reconheçamos uns nos outros, afirmando a nossa história de gesto e rastro. Através dela, cantamos e contamos nossa aldeia na esperança de, ao menos, tangenciar essa misteriosa construção chamada ser humano. Viva o povo brasileiro!”
Este é Wilson Dias, cantor, compositor e violeiro que canta com alegria e compromisso a terra, a arte e, a cultura e alma de sua gente. E seu canto é legítimo e forte porque tem suas raízes fincada no mesmo chão onde vive e canta o seu povo.
Atualmente Wilson Dias está desenvolvendo um trabalho de parceria com Pereira da Viola e João Evangelista Rodrigues, resultando já em dois importantes projetos. O projeto “Bate Pilão”, a celebração da alegria, dos ritmos e danças próprios da cultura popular e o CD Triálogo, a palavra cantada, em fase de produção.
Participa também do projeto Vivaviola, que reúne seis nomes da autêntica viola caipira de dez cordas em Minas – Pereira da Viola, Chico Lobo, Bilora, Joaci Ornelas e Gustavo Guimarães - lançado com sucesso em Belo Horizonte em outubro de 2008 e no Grande Teatro do Palácio das Artes em agosto de 2009, com grande aceitação do público e da mídia.
Toda a força deste talento mineiro, toda a riqueza de sua arte musical estão bem representados nos seus três discos, gravados ao longo de quinze anos de trabalho e de muita estrada. Neles estão presentes sua visão de mundo, seu respeito à natureza, seus valores éticos e seu compromisso sócio-culturais, dos quais Wilson Dias, sempre coerente com o que pensa e canta, não abre mão.

1 - “Pequenas Histórias” (1997);
2 - “Outras Estórias” (2002 - selecionado ao Prêmio Tim de Música Brasileira, categoria regional);
3 - “Picuá” (2007 - selecionado ao Prêmio Tim de Música Brasileira);

O Cd “Outras Estórias” foi patrocinado pela Egesa Engenharia, através da Lei Rouanet, assim como o projeto “Outras Estórias na Estrada”, que viabilizou uma turnê de lançamento do disco em onze cidades mineiras: Montes Claros, Carbonita, Bocaiúva, Ipatinga, Ouro Preto, Tiradentes, Diamantina, Governador Valadares, Juiz de Fora, Uberlândia e Belo Horizonte, com ampla repercussão perante o público e a imprensa.
Em seu mais recente CD - “Picuá” - patrocinado pela Cemig Cultural, através da Lei Rouanet, Wilson Dias finaliza uma trilogia que trabalha o universo rosiano, o sertão, com a musicalidade matuta do povo do Vale do Jequitinhonha, causos das Minas várias, dentro do universo brasileiro. São batucões, folias, tira-versos, lundus, calangos, vindos da rica cultura popular da região, fonte constante de pesquisas realizadas pelo cantor. Desse modo, o artista encerra vivências em deslumbrante viagem de volta às terras de sua infância, que mostra o que de mais tradicional se toca e se canta às margens do Rio Jequitinhonha.
Além de seus projetos pessoais, Wilson Dias teve importante participação em trabalhos de músicos reconhecidos, como Rubinho do Vale (no Cd “Viva o Povo Brasileiro”) e Carlos Farias (no Cd “Tupinikim”). Também fez apresentações artísticas no projeto Conexão Telemig Celular; no projeto Quarta Doze e Trinta e Uma Tarde no Campus (UFMG); no projeto Na Ponta da Língua (Teatro Gregório de Matos - Salvador/BA); no projeto “Vale, Vozes e Visões” (com show no Palácio das Artes), na 17° Feira de Artesanato de Belo Horizonte; na Feira de Música Independente de Fortaleza/Ceará; projeto Música Independente (Sala João Ceschiatti/Palácio das Artes); 11º Carboarte – Carbonita-MG; Conexão Vivo (Parque Municipal – BH/MG); Projeto Stereoteca (Teatro da Biblioteca Pública, BH/MG); Programa Arrumação com Saulo Laranjeira; Programa Sr. Brasil com Rolando Boldrin; 26º Festivale-Capelinha-MG; Projeto "Causos e Violas das Gerais" nas cidades de Perdizes, Antônio Carlos, Guiricema, São Domingos das Dores, Resende Costa e Capelinha - MG (realização Sesc-MG); no aniversário da cidade de Pio IX-PI (oficinas e show); 1º Festival Internacional de Cultura Popular no Centro Cultural Lagoa do Nado (homenagem à Zé Côco do Riachão); Festa do Rosário em Resende Costa; Projeto Conexão Vivo 2009 - oficinas e shows (Governador Valadares, São João Del Rei, Montes Claros e Belo Horizonte), II Festival Internacional de Cultura Popular - Vozes de Mestres em Ouro Branco-MG, Projeto VivaViola, teatro Alterosa, outubro/2008 e Palácio das Artes – agosto/2009, Projeto Bate Pilão e Projeto Dois Rios, Projeto - Na Trilha da Viola - Sesc São Caetano – SP, dentre outros eventos.
Atuou como produtor fonográfico dos CDs “Tum Tum Tum”, Déa Trancoso, "Pelas Ruas de Lisboa", Tau Brasil, e seus três CDs “Pequenas Histórias”, “Outras Estórias” e “Picuá”.
Em seus shows, conta com músicos experientes e de sólida formação musical: Gladson (percussão), Pedro Henrique (baixo) e Wallace Gomes (violão e flauta).

Comentários:

“Viajei escutando o seu som. Você canta com o coração e a nossa alma agradece. Mande-me uma música para que eu possa por uma letra e assim participar mais do seu trabalho”.
(Paulinho Pedra Azul, cantor e compositor).

“Em seu 3º CD “Picuá”, Wilson Dias conseguiu fazer um disco com marca própria e que, embora esteja plantado no Jequitinhonha de origem, alcança vôos próprios. Canções como Martin Pescador, na qual celebra o amor, e Canção de Siruiz adaptada do poema homônimo que está no Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa são poesia pura”.
(Carlos Herculano Lopes / Jornal Estado de Minas)

“Wilson Dias achou de ser poeta e garimpeiro. E, às vezes, mistura os dois ofícios. É como caçador de esmeraldas do tempo que recolhe cantigas e temas de sua região. Como compositor de novos veios de sentido, acha canções tão lindas que parecem vindas de outras regiões da memória. Picuá traz um Vale do Jequitinhonha que se reconhece na primeira música e ecoa em todo o disco.”.
(João Paulo Cunha, editor do caderno de Cultura do Jornal Estado de Minas).

“Caro Wilson, sabia que ia ouvir um bom disco. Mas ele é melhor ainda. Muita sensibilidade, poesia, musicalidade, bons arranjos, respeito no resgate e tratamento das pedras preciosas da cultura popular. Sucesso e parabéns”!
(Luiz Trópia – Membro da Comissão Mineira do Folclore)

Picuá, na linguagem de um Jequitinhonhense como Wilson Dias é um relicário, um lugar onde se guarda o que há de mais precioso, sua cultura, seus cristais: suas canções.


JCA

sábado, 14 de agosto de 2010

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 25

A educação para o sofrimento evitaria senti-lo, em relação a casos que não o merecem.

NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL (SERÁ?)

Muitas vezes nós ouvimos dizer que igual a fulano nunca mais vai existir ninguém ou que sicrano é inigualável e ainda tem aquela de que beltrano é insubstituível. Será verdade mesmo? Temos muitos ângulos para avaliar a questão, como eu adoro fazer o papel de advogado do diabo, vamos à luta. As pessoas podem não ser insubstituíveis naquilo que fazem, mas com certeza são e sempre serão inigualáveis e incomparáveis na forma como fazem. Cada ser humano possui a qualidade de ser excepcional em alguma coisa, de ser muito bom em dezenas de outras e de ser razoável em outras tantas. Nós sempre nos apegamos às qualidades e aos talentos excepcionais, por esta razão acreditamos que isto os torne insubstituíveis. Por exemplo, eu tenho muitos amigos que tocam violão, mas um em especial é um exímio violonista, capaz de acompanhar qualquer pessoa independente do ritmo ou estilo musical que esta pessoa escolha. Tenho outros amigos que são jornalistas, alguns com texto excelente que me deixam até com uma pontinha de inveja, daqueles que conseguem colocar no papel todo o sentimento possível. Tenho ídolos em quase todas as áreas que se destacaram por terem sido os melhores, os mais ouvidos, os vencedores, porém com o passar do tempo são superados, deixam de ser ouvidos e ficam em segundo ou terceiro lugar naquilo em que já foram os melhores.


Todos nós podemos ser substituídos e com certeza seremos. Deixaremos saudade? Tomara. A marca de nossa passagem por este plano existencial jamais poderá ser apagada, mas a substituição é um processo natural, necessário e saudável, caso contrário estaríamos todos condenados à estagnação e à ausência de desenvolvimento evolutivo. Num mundo globalizado e competitivo, vivendo na era da informática e das mudanças, cada vez mais, rápidas não podemos nos dar ao luxo de acreditar no mito do insubstituível.

JCA

SONHEI UM DIA TOCAR VIOLÃO

Numa de suas canções Caetano Veloso dizia,
Que as almas alivia e acalma os corações,
Se tomados de tristeza, se cheios de ressentimento,
Restaura em nós a leveza, poder tocar um instrumento.

Ainda muito menino, sonhei em tocar violão,
Quando tinha uns doze anos meu pai me deu um de presente,
Mas por estas obras do destino, não consegui a prender não.
Ah! Se eu previsse o engano teria feito diferente.

Depois de mais de trinta anos, comprei outro e insisti
Sonhava um dia solando, fazer chorar e fazer rir,
Nossa que mão de obra, os dedos não obedecem,
Eu queria dedilhar, tirar das cordas som puro,
A tal pestana era uma manobra, que me causava muito estresse
Mas decidi enfrentar, passei a treinar no escuro.

Depois de muito preparo, o som finalmente saiu,
Nossa! Que momento raro, a emoção me invadiu,
Confesso a vocês que chorei, quando toquei “Cuitelinho”,
Clássico popular, canção que todos conhecem,
Foi difícil acreditar que eu tinha feito sozinho.
Prá agradecer esta benção, na hora fiz uma prece.

Desse dia para cá, muito tempo se passou,
Fui aprendendo bem mais, procurando melhorar.
Na intenção de evoluir, professores fui buscar,
Não tive medo de pedir, nem preguiça de procurar.
Nessa minha caminhada, um deles se destacou,
E as coisas que ele me disse, para sempre me marcou.

Violão é como mulher é uma fonte de sentimento,
Pura, perfeita e sensível, pede beijo se alimenta de abraços.
Faz tudo que a gente quer nos domina e dá alento.
A semelhança é incrível, no arpejo e nos compassos,
A melodia que vier a harmonia do momento,
Brotam como ele quer das cordas de seu braço.

Se ele pudesse responder o que lhe fosse perguntado,
Eu gostaria de saber: como gosta de ser tratado?
E o violão responde vem cá,
Me pega no colo, me faz um carinho, encosta em teu peito meu pinho,
Me toca com jeito que eu vou me entregar.

JCA

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

DE ONDE VEIO?

Hóstia, do Latim hostia, vítima oferecida em sacrifício aos deuses para reparar um erro do ofertante. Quando sacrificada em agradecimento por uma graça recebida, era chamada de victima. Cristo foi hostia e não victima porque se ofereceu em sacrifício para reparar os pecados de toda a humanidade. A hóstia representa o corpo de Cristo.

Obs: Extrato do livro "A casa da mãe Joana" de Reinaldo Pimenta.


JCA

DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 8 - SARAU BRASILEIRO

SARAU BRASILEIRO
Belo Horizonte

Componentes:
Hélio Pereira
Magela
Geraldo Alvarenga
Izaías

Dados Artísticos:
Grupo de choro formado por Hélio Pereira (bandolim e trombone), Magela (violão de 7 cordas), Geraldo Alvarenga (cavaquinho e violão) e Izaías (pandeiro) no final da década de 1980 na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Em 1995 gravou o CD "Isto é seresta" do músico Waldir Silva. O disco, que teve direção musical de Geraldo Alvarenga, foi indicado para o "Prêmio Sharp" do mesmo ano. (...)

Discografia:

(2000) Sarau Brasileiro • Independente • CD

JCA

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 24

A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.

A IMPORTÂNCIA DA "VÍRGULA"

Muito legal a campanha dos 100 anos da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:

SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

JCA

terça-feira, 10 de agosto de 2010

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 23

Há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos.

ALUGUÉIS PELA HORA DA MORTE

Pobre Itajubá. As notícias chegaram como um alento, a Unifei vai mais que dobrar o número de alunos, o grande boom desenvolvimentista vai salvar a cidade da estagnação. O crescimento volta a ser uma realidade. Dias depois o então vice-governador anuncia a expansão da Helibrás, que também deverá dobrar o número de funcionários nos próximos anos, que espetáculo, mais empregos, mais dinheiro circulando no comércio. Finalmente a Unifei anuncia com orgulho o início das obras de implantação do Parque Científico e Tecnológico no Município. Começam então os problemas: Onde estas pessoas irão morar? Por onde irão circular os automóveis que elas trarão? Em que restaurantes elas irão se alimentar? Muita geração de emprego sim, mas para mão de obra especializada e os "nativos", população carente e sem formação? Onde será que vão trabalhar, onde vão morar, onde vão se esconder de tanto progresso?
O primeiro choque de realidade sentido pelos itajubenses foi no valor dos aluguéis. Quem não tiver casa própria nos próximos dez anos estará condenado a começar a construir as primeiras moradias de quarta ou quinta classe para se abrigar do sol, da chuva e proteger a família do frio e das chuvas. Vamos entrar num processo de favelização que dificilmente terá volta.
Quando será iniciado o planejamento urbano da cidade, nossas autoridades constituídas não irão acordar nunca para as suas responsabilidades? Pobre Itajubá, os aluguéis são apenas a ponta do iceberg que tomará conta do cenário nos próximos anos. Estamos entrando na era da desigualdade social. Quem viver verá.

JCA

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

QUE PENA

Camarada,

É uma pena que no Brasil, justiça tenha sinônimos que em outros idiomas inexistam, como por exemplo, demora, atraso, impunidade, servidão...

JCA

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 22

Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante.

QUEM ACREDITA EM INFERNO ASTRAL?

Diz a astrologia que num determinado período que antecede o aniversário, nós vivemos o chamado "inferno astral", tempo em que tudo de ruim acontece e ao mesmo tempo. Confesso que não acreditava nisso não, mas neste ano a coisa está me fazendo repensar no assunto. Meu aniversário será nos próximos dias deste mês de agosto e desde junho os desastres começaram, a saber:
1. O limpador de parabrisa do meu carro deixou de funcionar;
2. Aquele quebra-sol do lado do passageiro também quebrou;
3. O banco me cobrou de imediato uma dívida que deveria ser paga em 36 parcelas;
4. O proprietário da casa que alugo, me informou que não deseja continuar com a locação;
5. Estou com uma inexplicável e insistente dor no braço direito e nas costas;
6. Meu computador está desligando sozinho sem o menor aviso prévio;
7. Ah! Tudo isso sem contar que fiquei desempregado por dois meses.

Aff. Acho que chega, pois com tantos argumentos do destino estou quase convencido de que este tal de inferno astral existe. Tomara que eu esteja enganado.

JCA

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A ÉTICA NA COMUNICAÇÃO

Até onde vai a sede por ser o primeiro a dar uma notícia? Qual o tamanho do estrago de uma informação divulgada de maneira indevida? Quando é que as emissoras de rádio e televisão deixarão de correr para colocar no ar um "furo"? A partir de que momento se faz necessário respeitar a individualidade e a privacidade das pessoas? Nossa, quantas perguntas. Vamos tentar responder algumas delas agora. Em primeiro lugar deve haver, por parte do jornalista, a devida responsabilidade natural da profissão de considerar que mais importante do que informar antes deve-se informar corretamente. Como naquela parábola das penas, depois que se diz nada pode evitar o efeito produzido, por várias razões, entre elas quem ouviu a notícia, dificilmente ouvirá a errata; os comentários são inevitáveis e a progressão é geométrica, especialmente no caso de escândalos envolvendo mortes ou sexo; o órgão de comunicação garante a audiência saindo na frente e o ser humano garante uma degradação de seu nome e sua vida por conta de uma informação imediata e não verdadeira. As grandes emissoras e redes de comunicação do país hoje vivem à caça de uma grande reportagem (sempre trágica), e por conta disso estão sendo reponsáveis pela criação de uma legião de hematófagos. São rádio ouvintes ou telespectadores que ficam diante da telinha ou de ouvido ligado em busca de da mais recente desgraça nacional. Agora está virando moda, colocar a vítima (quando consegue sobreviver), familiares de ambas as partes e também o agressor no ar, para deixar a população mais furiosa. A doença nacional parece ser os famosos reality shows e a notícia está, cada vez mais se incorporando à este perfil.
Será decente, sério, ético agir assim? Acredito que não mas em nome dos lucros os órgãos de comunicação vão vendendo o que há de pior e as pessoas, por falta de opção vão consumindo todo este lixo e achando natural. Que pena

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 21

O homem vangloria-se de ter imitado o vôo das aves com uma complicação técnica que elas dispensam.

CEM ANOS DE ADONIRAN BARBOSA

Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato, (Valinhos, 6 de agosto de 1910 — São Paulo, 23 de novembro de 1982) foi um compositor, cantor, humorista e ator brasileiro. Rubinato representava em programas de rádio diversos personagens, entre os quais, Adoniran Barbosa, o qual acabou por se confundir com seu criador dada a sua popularidade frente aos demais. Rubinato era filho de Ferdinando e Emma Rubinato, imigrantes italianos da localidade de Cavárzere, província de Veneza. Aos dez anos de idade, sua certidão de nascimento foi adulterada para que o ano de nascimento constasse como 1910 possibilitando que ele trabalhasse de forma legalizada: à época a idade mínima para poder trabalhar era de doze anos. Abandona a escola cedo, pois não gosta de estudar. Necessita trabalhar, para ajudar a família numerosa - Adoniran tem sete irmãos. Procurando resolver seus problemas financeiros, os Rubinato vivem mudando de cidade. Moram primeiro em Valinhos, depois Jundiaí, Santo André e finalmente São Paulo.
Em Jundiaí, conhece seu primeiro ofício: entregador de marmitas. Aos quatorze anos, ainda criança, o encontramos rodando pelas ruas da cidade e, legitimamente, surrupiando alguns bolinhos pelo caminho. "A matemática da vida lhe dá o que a escola deixou de ensinar: uma lógica irrefutável. Se havia fome e, na marmita, oito bolinhos, dois lhe saciariam a fome e seis a dos clientes; se quatro, um a três; se dois, um a um".
O compositor e cantor tem um longo aprendizado, num arco que vai do marmiteiro às frustrações causadas pela rejeição de seu talento. Quer ser artista – escolhe a carreira de ator. Procura de várias maneiras fazer seu sonho acontecer. Tenta, antes do advento do rádio, o palco, mas é sempre rejeitado. Sem padrinhos e sem instrução adequada, o ingresso, nos teatros, como ator, lhe é para sempre abortado. O samba, no início da carreira, tem para ele caráter acidental. Escolado pela vida, sabia que o estrelato e o bom sucesso econômico só seriam alcançados na veiculação de seu nome na caixa de ressonância popular que era o rádio. O magistral período das rádios, também no Brasil, criou diversas modas, mexeu com os costumes, inventou a participação popular – no mais das vezes, dirigida e didática. Têm elas um poder e extensão pouco comuns para um país rural como o nosso. Inventam a cidade, popularizam o emprego industrial e acendem os desejos de migração interna e de fama. Enfim, no país dos bacharéis, médicos e párocos de aldeia, a ascensão social busca outros caminhos e pode-se já sonhar com a meteórica carreira de sucesso que as rádios produzem. Três caminhos podem ser trilhados: o de ator, o de cantor ou o de locutor. Adoniran, aprendiz das ruas, percebe as possibilidades que se abrem a seu talento. Quer ser ator, popularizar seu nome e ganhar algum dinheiro, mas a rejeição anterior o leva a outros caminhos. Sua inclinação natural no mundo da música é a composição mas, nesse momento, o compositor é um mero instrumento de trabalho para os cantores, que compram a parceria e, com ela, fazem nome e dinheiro. Daí sua escolha recair não sobre a composição, mas sobre a interpretação. Entrega-se ao mundo da música. Busca conquistar seu espaço como cantor – tem boa voz, poderia tentar os diversos programas de calouro. Já com o nome de Adoniran Barbosa – tomado emprestado a um companheiro de boêmia e de Luiz Barbosa, cantor de sambas, que admira – João Rubinato estreia cantando um samba brejeiro de Ismael Silva e Nilton Bastos, o Se você jurar. É gongado, mas insiste e volta novamente ao mesmo programa; agora cantando o belo samba de Noel Rosa, Filosofia, que lhe abre as portas das rádios e ao mesmo tempo serve como mote para suas composições futuras.
A vida profissional de Adoniran Barbosa se desenvolve a partir das interpretações de outros compositores. Embora a composição não o atraia muito, a primeira a ser gravada é Dona Boa, na voz de Raul Torres. Depois grava em disco Agora pode chorar, que não faz sucesso algum. Aos poucos se entrega ao papel de ator radiofônico; a criação de diversos tipos populares e a interpretação que deles faz, em programas escritos por Osvaldo Moles, fazem do sambista um homem de relativo sucesso. Embora impagáveis, esses programas não conseguem segurar por muito tempo ainda o compositor que teima em aparecer em Adoniran. Entretanto, é a partir desses programas que o grande sambista encontra a medida exata de seu talento, em que a soma das experiências vividas e da observação acurada dá ao país um dos seus maiores e mais sensíveis intérpretes.
O mergulho que o sambista fará na linguagem, suas construções linguísticas, pontuadas pela escolha exata do ritmo da fala paulistana, irão na contramão da própria história do samba. Os sambistas sempre procuraram dignificar sua arte com um tom sublime, o emprego da segunda pessoa, o tom elevado das letras, que sublimavam a origem miserável da maioria, e funcionavam como a busca da inserção social. Tudo era uma necessidade urgente, pois as oportunidades de ascensão social eram nenhumas e o conceito da malandragem vigia de modo coercitivo. Assim, movidos pelos mesmos desejos que tinha Adoniran de se tornar intérprete e não compositor, e a partir daí conhecido, os compositores de samba, entre uma parceria vendida aqui e outra ali, davam o testemunho da importância que a linguagem assumia como veículo social. Mas a escolha de Adoniran é outra, seu mergulho também outro. Aproveitando-se da linguagem popular paulistana – de resto do próprio país – as músicas dele são o retrato exato desta linguagem e, como a linguagem determina o próprio discurso, os tipos humanos que surgem deste discurso representam um dos painéis mais importantes da cidadania brasileira. Os despejados das favelas, os engraxates, a mulher submissa que se revolta e abandona a casa, o homem solitário, social e existencialmente solitário, estão intactos nas criações de Adoniran, no humor com que descreve as cenas do cotidiano. A tragédia da exclusão social dos sambistas se revela como a tragicômica cena de um país que subtrai de seus cidadãos a dignidade. O seu primeiro sucesso como compositor vira canção obrigatória das rodas de samba, das casas de show: Trem das Onze. É bem possível que todo brasileiro conheça, senão a música inteira, ao menos o estribilho, que se torna intemporal. Adoniran alcança, então, o almejado sucesso que, entretanto, dura pouco e não lhe rende mais que uns minguados trocados de direitos autorais. A música, que já havia sido gravada pelo autor em 1951 e não fizera sucesso ainda, é regravada novamente pelos “Demônios da Garoa”, conjunto musical de São Paulo (esta cidade é conhecida como a terra da garoa, da neblina, daí o nome do grupo). Embora o conjunto seja paulista, a música acontece primeiramente no Rio de Janeiro. E aí sim, o sucesso é retumbante. Como acontecera com os programas escritos por Osvaldo Moles, que deram a Adoniran a medida exata da estética a ser seguida, o samba inspira Osvaldo a criar um quadro para a rádio, que se chamava História das Malocas, com um personagem, que faz sucesso, o Charutinho. De novo ator, Adoniran, tendo provado o sucesso como compositor, não mais se afasta da composição. Arguto observador das atividades humanas, sabe também que o público não se contenta apenas com o drama das pessoas desvalidas e solitárias; é necessário que se dê a este público uma dose de humor, mesmo que amargo. Compõe para esse público um dos seus sambas mais notáveis, um dos primeiros em que trabalhou a nova estética do samba.
Entre a tentativa de carreira nas rádios paulistas e o primeiro sucesso, Adoniran trabalha duro, casa-se duas vezes e frequenta, como boêmio, a noite. Nas idas e vindas de sua carreira tem de vencer várias dificuldades. O trabalho nas rádios brasileiras é pouco reconhecido e financeiramente instável, muitos passaram anos nos seus corredores e tiveram um fim de vida melancólico e miserável. O veículo que encanta multidões, que faz de várias pessoas ídolos é também cruel como a vida; passado o sucesso que, para muitos, é apenas nominal, o ostracismo e a ausência de amparo legal levam cantores, compositores e atores a uma situação de impensável penúria. Adoniran sabe disto, mas mesmo assim seu desejo cala mais fundo. O primeiro casamento não dura um ano; o segundo, a vida toda: Matilde. De grande importância na vida do sambista, Matilde sabe com quem convive e não só prestigia sua carreira como o incentiva a ser quem é e como é, boêmio, incerto e em constante dificuldade. Trabalha também fora e ajuda o sambista nos momentos difíceis, que são constantes. Adoniran vive para o rádio, para a boêmia e para Matilde. Numa de suas noitadas, de fogo, perde a chave de casa e não há outro jeito senão acordar Matilde, que se aborrece. O dia seguinte foi repleto de discussão. Mas Adoniran é compositor e dando por encerrado o episódio, compõe o samba Joga a chave. Dono de um repertório variado de histórias, o sambista não perdia a vez de uma boa blague. Certa vez, quando trabalhava na rádio Record, onde ficou por mais de trinta anos, resolveu, após muito tempo ali, pedir um aumento. O responsável pela gravadora disse-lhe que iria estudar o aumento e que Adoniran voltasse em uma semana para saber dos resultados do estudo... quando voltou, obteve a resposta de que seu caso estava sendo estudado. As interpelações e respostas, sempre as mesmas, duraram algumas semanas... Adoniran começava se irritar e, na última entrevista, saiu-se com esta: “Tá certo, o senhor continue estudando e quando chegar a época da sua formatura me avise..”
Nos últimos anos de vida, com o enfisema avançando, e a impossibilidade de sair de casa pela noite, o sambista dedica-se a recriar alguns dos espaços mágicos que percorreu na vida. Grava algumas músicas ainda, mas com dificuldade – a respiração e o cansaço não lhe permitem muita coisa mais – dá depoimentos importantes, reavaliando sua trajetória artística. Compõe pouco. Mas inventa para si uma pequena arte, com pedaços velhos de lata, de madeira, movidos a eletricidade. São rodas-gigante, trens de ferro, carrosséis. Vários e pequenos objetos da ourivesaria popular – enfeites, cigarreiras, bibelôs... Fiel até o fim à sua escolha, às observações que colhe do cotidiano, cria um mundo mágico. Quando recebe alguma visita em casa, que se admira com os objetos criados pelo sambista, ouve dele que “alguns chamavam aquilo de higiene mental, mas que não passava de higiene de débil mental...” Como se vê, cultiva o humor como marca registrada. Marca aliás, que aliada à observação da linguagem e dos fatos trágicos do cotidiano, faz dele um sambista tradicional e inovador.

Adoniran Barbosa morre em 1982, aos 72 anos de idade.

Discografia

• 1951 - "Os mimosos colibris/Saudade da maloca" (78 rpm)
• 1952 - "Samba do Arnesto/Conselho de mulher" (78 rpm)
• 1955 - "Saudosa maloca/Samba do Arnesto" (78 rpm)
• 1958 - "Pra que chorar" (78 rpm)
• 1958 - "Pafunça/Nois não os bleque tais" (78 rpm)
• S/D - "Aqui Gerarda!/Juro, amor!" (78 rpm)
• 1972 - "A Música Brasileira Deste Século -Adoniran Barbosa"
• 1974 - "Adoniran Barbosa"
• 1975 - "Adoniran Barbosa"
• 1979 - "Seu Último Show" (Ao Vivo)
• 1980 - "Adoniran Barbosa e Convidados"
• 1984 - "Documento Inédito"
• 2003 - "2 LPs em 1" (Re-lançamento dos LPs de 1974 e 1975)

Coletâneas

• 1990 - "O Poeta do Bexiga" (Com interpretes de suas músicas)
• 1996 - "MPB Compositores: Adoniran Barbosa" (Com participações e interpretes de suas músicas)
• 1999 - "Meus Momentos: Adoniran Barbosa"
• 1999 - "Raízes do Samba: Adoniran Barbosa"
• 2001 - "Para Sempre: Adoniran Barbosa"
• 2002 - "Identidade: Adoniran Barbosa"
• 2004 - "O Talento de: Adoniran Barbosa" (Com participações especiais)


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

DE MINAS PARA O MUNDO - PARTE 7 - TITANE


(Ana Íris Teixeira Silveira)
21/7/1960 São João Del Rey, MG

Titane, nascida em São João Del Rey, Minas Gerais, estudou Sociologia em Belo Horizonte. Começou a carreira em 1979, no grupo Mambembe. Em 1981, participou com o grupo Mambembe do disco "Música de Minas", ao lado do grupo Uakti e outros. Nesse mesmo ano, participou do disco "Travessia", produzido pela Fundação Clóvis Salgado, com artistas como Celso Adolfo, Marcus Viana e Sagrado Coração da Terra, e outros. Ainda em 1981 participou da gravação do primeiro LP do grupo Mambembe, o qual deixou nesse mesmo ano, passando a fazer parte do grupo Curare. Em 1982 participou do disco do artista Rubinho do Vale, cantando em duas faixas, "Tropeiro de cantigas" e "ABC do amor". Em 1985, gravou o primeiro disco solo, "A Música de Eugênio Gomez e Osias Neves na voz de Titane". Em 1986, lançou o LP "Titane", com as participações especiais do Grupo Uakti e do grupo Curare, além do grupo de Congado Guarda de Moçambique da N. Sra. Do Rosário. Em 1987, cantou "Canela de arubu" no disco "Vôo das garças", de Zé Coco do Riachão. Anos depois, o disco foi relançado em CD pela Lapa Discos, com produção da própria Titane. Ainda em 1987, participou da gravação do disco "Ternos cantadores", com produção do Sesc/MG, ao lado de vários intérpretes e vários grupos de congado e folia-de-reis. Em 1990, lançou seu segundo disco solo, "Verão 2001", pela gravadora Eldorado, e lançado posteriormente em CD pela gravadora Lapa Discos. Ainda em 1990 interpretou a faixa "Canção da lua nova" no disco "Empório Brasil", de Rolando Boldrin. Em 1992, produziu o CD "Os negros do Rosário (Congado Mineiro)", registro pioneiro do congado mineiro por seus próprios grupos rituais. Dois anos depois, participou do CD "Bateia", ao lado de Juarez Moreira, Sérgio Santos e Paulinho Pedra Azul, entre outros. Ainda em 1994 cantou a música "Desenredo" (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro), no disco "Sal", do cantor Saulo Laranjeiras. Em 1995 participou do CD de Flávio Henrique, lançado pela gravadora Velas. Em 1996, lançou o disco "Inseto raro", gravado ao viv no Teatro Casa da Ópera, em Ouro Preto, fazendo em seguida vários shows pelas cidades brasileiras. No ano seguinte, participou da coletânea "Prato feito", ao lado de vários artistas mineiros como João Bosco, Sérgio Santos, Maurício Tizumba, Regina Sposito, grupo Pato Fu, Uakti e Marina Machado. Nesse mesmo ano de 1997, teve seu nome incluído como revelação dos anos 90, no livro "MPB - a história de um século", de Ricardo Cravo Albin. Em 1998, interpretou "Cirandinha" no disco "Tawaraná", de Pereira da Viola e participou da coletânea "Simples", reunião de vários artistas mineiros e viajou em turnê lançando o disco "Inseto raro" na Europa. Em 1999 participou do CD "Edvaldo Santana", do cantor e compositor paulista, no qual participou da faixa "Canção pequena". Neste mesmo ano, interpretou a música "Prucututundá" no CD "Viola cósmica", de Pereira da Viola. Em 2000, lançou pela gravadora Lapa Discos o CD "Sá Rainha", com a participação especial de Chico César. Seu disco seguinte, "Ana", foi lançada em 2008, apresentando a novíssima geração de compositores mineiros. Em 2009 Titane lança o Cd "Titane e o Campo das Vertentes".

JCA

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 20

O cofre do banco contém apenas dinheiro. Frustar-se-á quem pensar que nele encontrará riqueza.

DEUS ABENÇOE SEMPRE O CRIADOR DA INTERNET

Uma das maiores contribuições que a rede mundial de computadores pode fornecer à cultura brasileira é a memória. Muitos jovens que ligam seus rádios ou assistem na televisão apresentações dos grandes ídolos da música de todos os tempos, não sabem quem foram eles, como viveram e se espantam em descobrir que aquela música que tanto admiram e ouviam seus pais ou mesmo seus avós cantando na infância, é uma composição deste ou daquele artista. Mais do que isso a internet disponibiliza vídeos de momentos inesquecíveis, encontros maravilhosos. Neste sentido navegar é recordar. Recordar é viver, logo navegar na internet é viver. E hoje, ao acessar o Blog de um grande amigo, o mundialmente acessado "Viver é perigoso Riêra", ele sugeria em uma de sua postagens um vídeo da cantora Simone Bittencourt de Oliveira interpretando um canção do imortal Gonzaguinha e sendo acompanhada pelo filho do cantor e compositor que nos deixou em 91. Simone está visivelmente emocionada, e parece que dela brota uma luz toda especial, uma energia positiva, límpida que se transforma em sonoridade pura. É maravilhoso de assistir, é emocionante, é um instante mágico. Vale a pena conferir. Intrigado com o motivo de tamanha emoção, fui investigar (na internet) se teria existido alguma apresentação da cantora com Gonzaguinha e descobri uma pérola. Uma das obras pouco conhecidas do grande público, mas como tudo que compôs, uma obra de arte do gênio Gonzaguinha. E ficou melhor ainda na interpretação da própria Simone.

http://www.youtube.com/watch?v=Zz9GYUl0wiM

JCA

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

NO DINHEIRO OU NO ESPÍRITO, ONDE ESTÃO NOSSOS "VALORES"?

Existem na natureza, belezas sem comparação,
Beija flor voando baixo,
Cachoeiras, vento, trovão,
Água límpida dos riachos,
Cheiro de chuva molhando o chão.

Existem em nossa vida, lembranças muito presentes,
O primeiro amor criança,
Aquela dor dilacerante do fim de amor de adolescente,
Nossos sonhos e esperanças,
A saudade que vem de repente.

Existem em nosso mundo, coisas de dar pavor,
Gente morrendo de fome,
Famílias sendo dizimadas sem o menor pudor,
As drogas, a violência e coisas que nem tem nome,
O maldito do dinheiro, mata as coisas de valor.

Existe, graças a Deus, um alento que me anima,
A fé de que algum dia,
Uma luz, uma energia chegue a nós vindo de cima,
Devolvendo a harmonia,
Aos homens, a natureza, como uma benção divina.

Fazendo com que a noite, ao deitar em nossa cama,
Possamos dormir em paz,
Tendo ao lado, ali bem perto, todos a quem a gente ama,
Com o desejo tenaz,
De que só muda esta história, quem atua e não quem reclama.

Atitudes renovadas, consciência ambiental,
São a marca do futuro,
É o que nos torna humanos, nos distingue do animal,
Vamos sair deste escuro,
Esquecer de ganhar muito, fortalecer o espiritual.

JCA

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PARA QUEM GOSTA DE MÚSICA


Este link levará vocês ao mundo maravilhoso da música de um jeito diferente. Nele a canção será tocada de acordo com seu estado de espírito. O usuário informa o estado emocional em que se encontra e o repertório vai tocando aquelas melodias que embalam as emoções. Acessem , não se trata de trote e muito menos de vírus, é uma grande idéia e funciona de verdade.

JCA

APRENDENDO COM O "MESTRE DRUMMOND" 19

A confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio.

CARTA ÀS MINHAS FILHAS

CARTA AS MINHAS FILHAS

SHALOM, MOARA E MAYARA

- por Marina Silva*

Estou com 50 anos, uma bela idade para conversar com vocês, três jovens mulheres admiráveis e lindas em quem me apoio e me referencio diariamente em casa e no mundo. Será que tenho um legado para lhes deixar? Não sei. O que tenho é a minha maneira de ser e viver, na qual vocês deixando marcas tão fortes que, às vezes, penso que fui eu que recebi seus legados. Sou herdeira do que me fizeram ser, em diferentes momentos. E por isso quero me dirigir a cada uma de vocês, porque são inconfundíveis na sua individualidade e porque nossa ligação tem histórias tão próprias que não podem ser generalizadas.

Shalom, minha primeira filha.
Você gerou em mim a mãe, tanto quanto eu a gerei filha, justamente num Dia das Mães, 10 de maio de 1981. Eu era uma estudante de História que não tinha salário, nem carteira assinada, nem plano de saúde, nem previdência. Você nasceu num hospital público, onde me registraram na categoria chamada de "indigente".
Na hora exata em que sua cabeça apontava, lá pelas nove da manhã, tive uma queda de pressão tão violenta que soltei as mãos das tiras em que me agarrava à cama e as pernas bambearam. Sem ver mais nada, só ouvia alguém gritando: "Bota força, sua louca, senão você vai matar sua filha". Mas eu não tinha força alguma, sentia apenas tudo rodar. As lágrimas caíam e, no entanto, nem as pálpebras conseguia abrir ou sequer dizer o que estava acontecendo comigo. Aí ouvi o sotaque italiano da irmã Constanza, a única enfermeira formada na equipe, que entrou na sala aos berros: "Esta mulher está morrendo, vamos salvar a criança!". Abriu-me a fórceps como se abre um objeto e retirou você de dentro de mim, uma menininha que deve ter tido uma péssima primeira impressão do mundo.
Ao mesmo tempo me deram uma injeção e a pressão foi subindo. Vi as enfermeiras aflitas fazendo sucção num corpinho do qual eu via uma parte, bem escura. Pensei: "ela puxou à minha família, ao meu avô descendente de escravos". Enquanto eu era socorrida, fiquei com aquela imagem da minha menina negra, que tinha sido levada para a UTI.
Depois, na enfermaria, todos os bebês chegavam para mamar, menos você. Comecei a ficar nervosa e a perguntar sem parar, mas ninguém te trazia, nem me respondia. Lá pelas duas da tarde, finalmente, você chegou. Mas era branca, e eu comecei a dar escândalo, dizendo que tinham trocado minha filha. A enfermeira, de outro turno, não sabia da confusão da manhã, nem que você, devido ao sofrimento, tinha nascido muito arroxeada, o que me fez confundir a cor de sua pele, pensando que era escura. Ela só sabia dizer que o bebê era aquele mesmo. Te peguei você no colo pela primeira vez e comecei a olhar tudo, à procura de algo que comprovasse que era minha. Aí encontrei, nas costas o mesmo sinal vermelho, o mesmo desenho que sua avó dona Raimunda tem entre os seios. E, na coxa, ainda havia resquícios da cor escura que havia visto antes.
Foi muito difícil o que vivemos juntas: o instante de me constituir como mãe, a experiência mais visceral que existe. E, naquele momento, de uma radicalidade tão profunda, ganhei também uma fortaleza que sinto e sempre sentirei como ligada a você.
Depois você se transformou numa criança cheia de personalidade, que adorava dançar. Num carnaval, quando tinha uns dois anos, fiz uma fantasia de bailarina de filó e, enquanto eu e seu pai, Raimundo, aguardávamos o desfile dos blocos, você tentava se aprumar na ponta dos pés. Caía, levantava e tentava de novo, com muita determinação.
Você cresceu praticamente dentro da Universidade Federal do Acre, acompanhando-me em tudo. Aliás, seu nascimento aconteceu durante uma greve. Sua avó Raimunda e minha tia Chiquinha me ajudavam, mas, na maioria das vezes, eu acabava tendo que levar você para a sala de aula e até para as assembleias e outros eventos da minha militância política. Ouvir discursos fez parte do seu aprendizado da fala. Tanto que uma vez, em casa, quando tinha uns cinco anos, chegou com uma caixa de fósforos amarrada num barbante, subiu no braço do sofá e começou: "companheiros, mãe, temos de respeitar nossa dieta líquida". Os gestos, a entonação, eram iguaizinhos aos que eu fazia! Fábio e eu caímos na gargalhada, mas até hoje não sabemos de onde você tirou a bandeira da dieta líquida!
Lembro-me de outra história de sua infância, na qual já se manifestava o polo forte que seria na família. Era a formatura do Danilo no maternal, lá no SESC de Rio Branco. Ele estava lindo, muito arrumado na sua roupinha branca. Chamamos um fotógrafo. Ele se abaixou, começou a mexer nas máquinas e disse algo que não ouvimos, mas você ouviu e, seja o que tenha sido, interpretou como uma caçoada com seu irmão. Só vimos quando partiu pra cima do fotógrafo – sem levar em consideração o que seria um confronto com um homem daquele tamanho – e, muito vermelha, de dedinho em riste ameaçou: "Você não manga do meu irmão ou leva um tapa".
Também recebi sua solidariedade quando você era bem pequena e eu atravessava um período muito difícil. Ao me pegar chorando, sentou-se no meu colo e, acariciando o meu rosto, disse: "Chó não, mamãe, chó não".
Passou o tempo e aprendi outra lição com você. Eu queria costurar e você em cima, não deixava, tentando por toda maneira chamar minha atenção. Aí apelei para a chantagem emocional: "Shalom, vai pro berço brincar senão mamãe chó". Você parou, olhou para mim sem condescendência e foi definitiva: "Pode chó!".
Shalom, seu nome significa Paz em hebraico.
E você é uma boa representante da paz: quer entender as pessoas, suas razões, seus sofrimentos, e ajudá-las a encontrar a força interna, o equilíbrio, a tranquilidade. Não sem razão foi pelos caminhos da Psicologia, buscando a paz que começa a se formar dentro de cada indivíduo e se consolida no aprendizado de que acolher o outro não significa se tornar refém do desejo e das circunstâncias de ninguém.

Moara, primeira filha do meu segundo casamento, com Fábio, você foi um nascimento planejado, mas num momento muito intenso, no ano de 1989.
Estava no auge a campanha presidencial do Lula contra o Collor e eu era vereadora em Rio Branco, a única representante do PT na Câmara, numa conjuntura de grande tensão.
Eu estava no "olho do furacão" porque, mesmo sem ter sido de caso pensado, no primeiro mês do mandato mostrei a um jornalista o meu contracheque quando ele me perguntou quanto ganhava um vereador. No dia seguinte, o jornal estampou na primeira página os vários itens que compunham a nossa remuneração e isso virou um escândalo. A maioria dos vereadores ficou inconformada por eu ter aberto a caixa preta. E o troco veio quando você nasceu. Um vereador ameaçou pedir minha cassação, outros apoiaram, por me ausentar durante quinze dias corridos sem que o regimento previsse licença-maternidade.
Com quinze dias de resguardo, tive de ir à Câmara me defender. O clima era muito ruim. Alguns vereadores discursavam contra mim, outros mantinham silêncio e apenas dois, Regina Lino e Orlando Sales, foram solidários. Foi um grande sofrimento, principalmente porque me parecia uma situação absurda. Estava muito sensível e, de repente, meu leite começou a jorrar e empapar minha roupa. Chorei, chorei muito, não conseguia parar. Os funcionários não se mexiam sequer para me dar um copo d'água, com medo de ficarem malvistos. Então o Sabino, que era o taquígrafo da sessão, deixou o seu lugar, pegou-me pelo braço e levou-me para uma sala, onde ficou conversando para me acalmar até Fábio chegar para me buscar.
Esse fato mostra até que ponto a política pode ser insana.
Aquela atitude dos vereadores, insistindo na minha cassação, além de ser retaliação pessoal, era a oportunidade de afastar da Câmara a então única representante do PT. No dia seguinte, a imprensa divulgou o acontecido e foi um levante em Rio Branco. Regina e Orlando apresentaram uma emenda ao regimento interno, dando previsão legal para a licença-maternidade, o que foi aprovado imediatamente.
Moara, o seu nome significa liberdade em tupi-guarani. Você já sabe por que o escolhi, mas vou contar essa história novamente. Eu estava no oitavo mês de gravidez e andava pra todo canto do Acre naqueles aviõezinhos monomotores, fazendo a campanha do Lula. Os pilotos tinham medo que entrasse em trabalho de parto durante um vôo, mas eu ia mesmo assim. Éramos sempre quatro. Um ficava na frente, ao lado do piloto, e três iam espremidos no banco de trás. Em geral eu ia no meio, com o Jorge Viana de um lado e o Tião do outro. Pois era só subir o avião e você começava a se mexer bastante e a chutar. A tal ponto, que acertava as costelas do Jorge e do Tião.
Numa dessas vezes, decidi que seu nome seria Moara, porque gostava mesmo de voar, de ter asas, de liberdade. E, de fato, minha intuição correspondeu à sua personalidade: expansiva, altamente comprometida com valores, com o olhar sempre voltado para as injustiças do mundo, procurando engajar-se em algo que as amenize.
Quando nos instalamos em Brasília, você e a Mayara eram pequenas e, temendo que danificassem algo no apartamento funcional, a todo momento eu chamava a atenção de vocês com frases do tipo: "cuidado para não riscar a mesa do erário", "apaguem a luz para não aumentar a conta do erário", "cuidado para não quebrar esse vaso porque é do erário". Um dia, com a carinha muito aborrecida, você me disse: "Mãe, quero voltar pra nossa casa no Acre. Eu não gosto daqui. O Erário é muito chato e a gente não pode fazer nada na casa dele."
Aos treze anos, você foi me representar na entrega de um prêmio em São Paulo e, no discurso de agradecimento, num improviso muito bonito e muito aplaudido, contou essa história do erário. Concluiu dizendo que tinha aprendido que erário era aquilo que pertencia a todos e que a natureza era uma espécie de erário que deveria ser muito bem cuidada por todos.
Seus sentimentos estão sempre à flor da pele quando se trata das grandes causas. Vi isso na forma interessada e dedicada como agora, estudante de Direito, acompanhou os debates e o próprio julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a Terra Indígena Raposa Serra do Sol. E saiu de lá com um brilho nos olhos, falando em se especializar em Direito Ambiental e Indígena. Um caminho difícil, mas, estou certa, de bom tamanho para os seus ideais e o seu coração.

Mayara, minha filha mais nova, você foi uma sobrevivente do improvável.
Em 1991, eu estava com problemas de saúde que evoluíram rapidamente para um quadro de suspeita de comprometimento neurológico grave, devido às tonturas quase permanentes e o turvamento da visão. Fui para São Paulo e lá, no Hospital Albert Einstein, os médicos desconfiaram que o problema poderia estar sendo causado pelo mau funcionamento da tireoide.
O hospital tinha como norma fazer teste de gravidez antes do exame comprobatório. Fiquei irritada porque eu "sabia" que não estava grávida e achava que isso só atrasaria ainda mais o diagnóstico, sem falar no item a mais na conta. Quis comprar briga, mas os médicos foram irredutíveis. O protocolo era esse e deveria ser cumprido.
Quando saiu o resultado, fui de nariz bem empinado para soltar o clássico: "Está vendo? Acabei fazendo um exame inútil!". Nem deu tempo. A entrega foi acompanhada de um sorriso e de um cumprimento ao Fábio: "Parabéns, papai!". Fiquei literalmente de boca aberta, sem conseguir pronunciar uma palavra.
Naturalmente o exame de tireoide não pôde ser feito. Descobriu-se uma contaminação por mercúrio, mas o tratamento não poderia ser feito durante a gravidez. Algumas pessoas chegaram até a questionar se era razoável colocar minha vida em risco, já que teria de ficar nove meses sem tratamento. Para mim, interromper a gravidez estava totalmente fora de cogitação. Fiquei na mais absoluta defensiva. Recusava-me a tomar qualquer remédio porque, imaginava, tudo poderia fazer mal ao bebê.
Foi uma gravidez difícil. Cheguei a pesar 47 quilos aos oito meses de gravidez. Voltei para o Acre. Nas últimas semanas fiquei internada. Minha saúde estava de fato muito abalada. Não conseguia dormir porque temia que o bebê não sobrevivesse, caso algo me acontecesse durante o sono. Depois de três dias insone, pedi ao Fábio que me deixasse dormir no seu colo, fazendo-o prometer que, caso notasse alguma coisa estranha, pediria para retirar a criança imediatamente.
O Dr. Julinho entrou no quarto e viu essa cena. Quando Fábio explicou por que eu estava dormindo naquelas condições, o Julinho decidiu que não dava mais para esperar e tirou você da minha barriga na manhã seguinte. Não tinha sobrancelha, não tinha unhas, mas nada disso teve a menor importância. E hoje você é essa mulher linda!
Os primeiros anos de seu desenvolvimento também foram muito difíceis para mim. Eu só conseguia ver um lado do rosto das pessoas. O outro saía de foco, como se estivesse dissolvido numa sombra. Uma coisa muito aflitiva, mas foi assim que vi os objetos e as pessoas durante muito tempo.
Quando você nasceu, um dos meus maiores pesares foi não ver direito o seu rosto, o que só aconteceu após me recuperar, em 1997. As feições de seus irmãos, eu as via na imaginação porque, quando eles nasceram, eu estava bem. Mas o seu rosto eu nunca tinha conseguido visualizar inteiramente. Você estava com doze dias de vida, quando voltei a São Paulo para retomar o tratamento que continuei em 1996, nos Estados Unidos.
Com essas viagens e outras que passei a fazer como senadora, na primeira fase de sua vida você ficou aos cuidados de sua avó, dona Neide, e do Fábio. Você foi uma criança supersaudável, compreensivelmente muito agarrada ao pai e à avó. Mesmo assim, além de ser muito parecida comigo fisicamente, pegou alguns dos meus cacoetes desenvolvidos durante a doença, como o de passar a mão sobre os olhos, tentando tirar uma sombra inexistente.
Acredito que, mesmo com todas as dificuldades, nunca ficamos de fato distantes. Lembro-me de uma sexta-feira em que eu ia viajar para o Acre e, como acontecia quanto tinha de me ausentar, você não queria sair de perto. Para prolongar um pouco o nosso tempo juntas antes de embarcar, eu a levei ao Senado, de onde iria direto para o aeroporto.
Ao chegar ao gabinete não houve papel e lápis que a distraíssem. Sem desgrudar de mim, tive de levá-la comigo para o plenário, onde havia apenas dois senadores, sendo um deles o senador Eduardo Suplicy. E foi então que você, aos três anos, teve seu primeiro embate com as instituições. Praticamente um ato de desobediência civil…
Você se sentou ao meu lado, na cadeira desocupada, bem quietinha, com ar até solene, naquele espaço enorme e quase vazio. Então, o senador que presidia a sessão anunciou que, "de acordo com o regimento interno", artigo tal e tal, não seria permitido a pessoas estranhas ocuparem os lugares dos senadores. Bem que eu tentei retirar a "pessoa estranha", mas quem disse que você queria sair de lá? Segurou-se na cadeira e seguiu-se uma cena hilária: o senador, insistindo na leitura dos artigos do regimento, os seguranças aproximando-se e a pequena "pessoa estranha" caindo no choro. Voltamos ao meu gabinete e, no dia seguinte, a primeira página do jornal O Globo trazia estampada a nossa foto, com uma crítica ao senador que não tivera a sensibilidade de entender que você não era de forma alguma a "pessoa estranha" a que se referia o regimento.
Outra vez, ainda nos corredores do Senado, Raquel Ulhoa, jornalista da Folha de São Paulo, comentava a nossa semelhança física: "Nossa, senadora, ela é a senhora, igualzinha". Ao que fomos interrompidas por você que, muito séria, corrigiu a Raquel: "Mas eu não sou senadora, eu sou a Mayara".
Mais tarde, você reafirmou essa independência quando mudou de escola, na oitava série, decidida a encarar um dos colégios mais puxados de Brasília. No início não entendi bem, mas respeitei quando me impôs uma condição: não queria que eu aparecesse no colégio. Se me ligassem de lá, eu deveria me identificar como Maria Osmarina. E, nas reuniões de pais, só o pai, Fábio, ou a irmã mais velha, Shalom, poderia comparecer. E assim você passou um ano incógnita, sem ser tratada como "filha de autoridade", uma verdadeira instituição em Brasília. Teve enormes dificuldades em matérias como Matemática e Física, mas as superou e chegou o dia da formatura.
Estávamos todos à mesa, na casa de festas, quando alguém comentou: "Poxa, Mayara, por que você nunca comentou que é filha da ministra?". Sorrindo, você desconversou e quando a pessoa se afastou, explicou-me: "Entendeu, mãe, por que eu não queria que você aparecesse? Eu queria ser aceita por mim mesma".
Entendi, filha, e não me ofendi pelo meu exílio de mãe. Ao contrário, sinto um grande orgulho de você, de suas irmãs e de seu irmão, que nunca usaram expedientes de se escorar em privilégios e não se deixaram contaminar pela cultura do poder.
Uma palavra para vocês três (e que, espero, o Danilo também leia).
Sonho é algo de que a gente não pode abrir mão, nunca. Renunciar aos nossos sonhos essenciais, supostamente em favor do outro, é sempre uma conta que acabamos cobrando de alguma forma. Sinto-me uma mãe feliz, agradecida, porque fui capaz de preservar os meus sonhos fundamentais e hoje posso deixá-los como legado ou testemunho de que só aprendemos a voar, voando.
Nunca enxerguei vocês como impedimento para a realização dos meus sonhos, assim como também nunca me vi como empecilho para que constituam os próprios sonhos. Devemos preservar o que é essencial na utopia, no nosso desejo, porque é isso que deixamos para os filhos: um espaço de desejo para que se realizem.
Quem subtrai o seu desejo, cria filhos anêmicos de alma. Espero que minhas filhas e meu filho tenham uma boa dose de glóbulos vermelhos de sonho. A renúncia e o sacrifício nunca podem desconstituir aquilo que é o fundamento da existência de uma pessoa, porque é daí que vêm a densidade e a força para sustentar o outro e ser sustentado por ele.
Quero lhes dizer também que não se deve ser refém do passado. Concordo plenamente com a Alicia Fernandez, psicopedagoga argentina, que diz que somos o resultado do que fazemos com o passado e não daquilo que o passado faz conosco. Se o passado determinasse a vida, o meu – de muita doença, sofrimento, exclusão e impossibilidades – teria gerado mais doença, exclusão e barreiras. Ter ressignificado esse passado me fez conseguir novas oportunidades e novos horizontes. É o que desejo para meus filhos e para todos os filhos da humanidade.
Se há uma herança que posso lhes deixar, ela é um tecido que vocês mesmas me ajudaram a tecer, feito de fé, sonho e determinação. Tive de me erguer, muitas vezes, apoiada unicamente na fé, a força que – ao contrário do que comumente se pensa – não restringe, mas amplia a capacidade de conhecer e pensar. Nunca vi minha fé cristã como empecilho ao meu crescimento, como justificativa para preconceitos ou exclusões, ou como pretexto para posturas conservadoras. Foi com fé que aprendi as lições do apóstolo: "Examinai tudo. Retende o bem." Aprendi que não devemos nos conformar com esse mundo, mas nos transformar pela renovação de nosso entendimento e, ainda, que "diante de Deus não existe judeu nem grego, nem servo nem senhor, nem macho nem fêmea, porque todos somos igualmente filhos de Deus."
A fé faz a ponte entre o mistério e a realidade. É ela que move as montanhas do impossível. Não consigo viver sem fé, sem sonho, sem determinação, sem esperança. Para mim são essas as forças que tornam a vida prenhe de realizações.
Não tenho a pretensão de querer lhes impor minha experiência. Mais acertado, talvez, seja dizer que são lições que aprendemos juntas. Vocês me trouxeram, cada uma a seu tempo, mais fé, mais sonhos e mais determinação.

Por todas essas lições quero lhes agradecer em um poema que fiz e que é quase uma oração:

Sei não ser a firme voz
que clama em meio ao deserto,
mas me disponho estar perto
para expandir o seu eco.
Sei não possuir coragem
de morrer por meus amigos,
mas me disponho a guardá-los
no mais recôndito abrigo.
Sei nem sempre ter a força
de amar meus inimigos,
mas me disponho a não me vingar,
não lhes impingir castigo.
Sei nem sempre ser aceito
o fruto de minha ação,
mas me disponho a expô-lo
ao crivo d'outra razão.
Voz, coragem, força e aceitação
têm fonte no mesmo Espírito,
origem no mesmo Verbo,
lugar onde me inspiro
e a semelhança preservo,
na comunhão com meu próximo,
no Logus que em mim carrego.

De sua mãe, Marina
 
Obs: Cópia de uma publicação do Blog - VIVER É PERIGOSO RIÊRA - Pela beleza das palavras, pela verdade exposta nos fatos relatados e principalmente pela mensagem que serve de exemplo, publico aqui também, quem dera pudéssemos ter mais "seres humanos" como Marina.
 
JCA