quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 11

Hoje o tempo amanheceu muito feio, não sei por que em dias assim parece que a gente fica mais nostálgico, quase triste. A gente parece sofrer de uma tristeza sem nenhuma explicação, o fato é que estou me sentindo assim e até meio sem ânimo para minha caminhada perto do lago, mesmo assim faço um esforço e vou. Chegamos juntos e começamos os preparativos para o exercício, depois de muito alongamento e devidamente aquecidos iniciamos os primeiros passos, em silêncio. Desta vez quem fala é meu mais novo amigo de infância perguntando a razão de minha mudez. Respondo que em dias nublados e chuvosos fico um tanto depressivo, sem assunto apenas isso. Graças a Deus existem dias assim, diz ele. É uma excelente oportunidade para que você se encontre, vasculhe suas gavetas internas, limpe os armários da alma e se prepare para todas as demais situações que a vida irá lhe impor. A impressão que dá é que o Criador, sabendo quando vamos passar por momentos de maior provação, nos envia os dias de chuva, os dias nublados, para que nós possamos refletir sobre quem somos o que queremos e para onde vamos. Felizmente este é um processo natural pelo qual todos nós passamos e sempre saímos fortalecidos e preparados para enfrentar tudo que vier. Passar um tempo conosco é um exercício muito importante e necessário, faz com que a gente descubra qualidades e dons que a correria da vida nos impede de enxergar. A alma limpa reflete as coisas boas que nela habitam e facilita o compartilhamento de todas estas coisas com aqueles mais próximos de nosso convívio. Com armários e gavetas de dentro de nós devidamente limpos e arrumados podemos começar a juntar de novo uma porção de coisas para guardar neles, até que outro dia nublado aconteça e nos deixe limpar, lembrar, arrumar, chorar e recarregar as “baterias” para a vida que nos chama e da qual não podemos fugir. Ouvi tudo aquilo com muita atenção e confesso que nunca tinha pensado em nada disso que ele falou. Fez-me muito bem, tirou a culpa que estava me consumindo pela tristeza sem explicação. Ainda bem que vim caminhar. Caminhar, aprender, me renovar e ser embalado pela experiência de vida e pelo carinho deste homem que é uma benção em minha vida. Ele não disse mais nada até o final do percurso, acho que para me deixar digerir suas palavras e aprender com o silêncio. Afinal, como ele mesmo diz: no silêncio também se aprende.
JCA

O BRASIL DA IMPUNIDADE

Ontem o País assinou um atestado de vergonha nacional ao inocentar uma criminosa confesso em nome de um corporativismo inaceitável e imoral. Os pais brasileiros estão a cada dia com uma dificuldade maior de ensinar os verdadeiros valores de caráter, seriedade, decência e honestidade a seus filhos quando em horário nobre todas as emissoras de televisão do Brasil mostram uma mulher travestida de parlamentar e protegida pelo mandato fazer de palhaço todo cidadão e cidadã honestos do País, alegando que o crime que cometeu aconteceu enquanto era apenas uma “cidadã comum”. Gostaria apenas de lembrar a esta senhora que não sei o que mais nos ofende se o fato de ser comparado a este tipo de bandida que se auto intitula “cidadã comum” ou se o escândalo dos demais bandidos com mandato que se escondem atrás do voto secreto absolvê-la por ter cometido um ato vergonhoso e inadmissível, sob todos os pontos de vista, por medo de que amanhã sejam eles os réus. A afronta é tão grande que esta senhora diz em alto e bom tom dentro de uma Casa Legislativa que não estava no momento do crime sujeita às regras da Comissão de Ética Parlamentar, ora e a ética pessoal? E a honestidade que deve ser uma obrigação de todos nós? Como uma pessoa destas pode ser representante de uma parte da população? Que atos mais insanos e desprezíveis do que este ela terá que praticar para perder o mandato? Brasileiros, por favor, já passou da hora de acordar, não coloquem marginais para legislar neste País, não deem autorização para que a escória da sociedade se transforme em “autoridades” e nos façam de palhaços com suas atitudes desrespeitosas e ininputáveis. Estamos hoje 31 de agosto de 2011 com uma decepção imensa de sermos honestos e defender as coisas sérias, por conta de uma mulher sem a menor qualificação sequer para fazer parte da raça humana, quanto mais para fazer parte do Congresso Nacional Brasileiro e também por conta de uma porção de outros políticos que se protegem para continuar na criminalidade. Ficou claro na decisão de ontem que no Brasil não existe imunidade parlamentar, mas existe sim impunidade parlamentar. Que vergonha.
 
JCA

terça-feira, 30 de agosto de 2011

AMIZADE

Já disseram que amizade sincera é um santo remédio um abrigo seguro,
Aquela pessoa que ampara nos livra do tédio e nos tira do escuro.
Já ouvi também dizer que amigo é aquele que resta quando tudo deu errado,
Não importa se você é rico ou mendigo ele estará sempre a seu lado.
Os amigos verdadeiros valem mais do que saúde e até mais do que dinheiro,
São ouvintes e conselheiros, e do nosso ataúde os melhores timoneiros.
Chegando do outro lado, nada deve ser melhor do que o abraço de um amigo,
Assim sigo descansado, nada na morte me assusta na certeza deste abrigo.

Faço questão todo dia de mostrar que me são caros os amigos mais queridos,
Um email enviado, um telefonema sem motivo ou um recado por alguém.
Não peço retribuição, pois sei que eles existem e sempre me ajudarão,
Conheço quem viva sem teto, sem carro e sem ter um vintém,
Mas desconheço na vida alguém que diga sem mágoa, do fundo do coração,
“Tive uma vida feliz mesmo sem ter um amigo”. Assim melhor nem ter vivido.

JCA

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MENSAGENS DA TRAÇO LEAL - REFLEXÕES

Não há fragata tão boa quanto um livro para nos levar a léguas de distância.

Emily Dickson

JCA

terça-feira, 23 de agosto de 2011

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 10

Hoje amanheci com uma vontade imensa de colocar meu amigo da terceira idade numa “saia justa”. Ontem conversando com um amigo sobre várias coisas, não sei por que começamos a falar de opção sexual, agressões sofridas por meninos que assumem a homossexualidade, preconceito e isso ficou na minha cabeça. Comecei a imaginar como era tratado este tema no século passado, de que forma os homens e mulheres da época conviviam com estes corajosos que se impunham como diferentes. Muito bem, fui assim para minha caminhada matinal, cheguei, alongamento, uma pequena espera e ele logo aparece com uma disposição maior do que nos outros dias. Começamos a andar e vou direto ao assunto, o senhor pode dizer como eram tratados os homossexuais no seu tempo de adolescente? Ora, da mesma maneira como são tratados hoje, alguns aceitam, outros ignoram e outra parte não admite. No meu tempo a mídia falava menos no assunto, era uma coisa mais velada, dita em tom de voz mais baixo a portas fechadas. Mas o fato é que desde que o mundo é mundo que isso existe e temos que respeitar a vontade das pessoas, temos que entender que eles sofrem muito mais do que nós, os ditos normais. Ser diferente é muito difícil, enfrentar família, amigos, escola, trabalho. É infinitamente mais tranquilo ser igual à maioria. Tem aqueles que fingem, se escondem e carregam um peso imenso, uma infelicidade particular por não poder sentir, agir e ser como gostariam, naturalmente. Outros montam um personagem que atua junto aos mais próximos e só conseguem se revelar em lugares distantes onde imaginam que jamais serão reconhecidos. No meu tempo era tudo igual, mas com menos divulgação, com um número muito menor de agressão, era uma intolerância moderada, hoje o que acontece é absurdo, são meninos que não se assumem e odeiam aqueles que fazem isso, são incapazes de olhar para alguém como um ser humano, uma pessoa, com sentimentos, frustrações, angústias e alegrias, apenas enxergam o que não entendem e querem destruir o inexplicável, pobres doentes que não se aceitam e querem apagar do outro o que está dentro deles mesmos. A opção sexual para mim, lá na adolescência ou hoje mais de sessenta anos depois é a mesma coisa, pode ser comparada à roupa que usamos, não importa se você ou outra pessoa não goste o que importa é que eu me sinta bem com ela, isso me basta, isso me satisfaz. Não posso ser acusado de desrespeito porque decido sair de bermuda e chinelo enquanto a maioria está de terno e gravata. Estando em paz com minha consciência, com aqueles que verdadeiramente me amam tudo sempre estará bem, mesmo que minha opção sexual seja diferente de todos com aqueles com quem sou obrigado a conviver. Vamos caminhar e refletir um pouco, não estou dizendo que estou certo, apenas lhe contei meu modo de ver esta situação. E caminhamos em silêncio até o final do trajeto. No silêncio realmente se aprende muito.

JCA

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 61

Casa Arrumada
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

"A VIDA é uma pedra de amolar; desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos."
(George Bernard Shaw) 1856-1950

Carlos Drumond de Andrade

JCA

terça-feira, 16 de agosto de 2011

MENSAGENS DA TRAÇO LEAL - REFLEXÕES

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

Fernando Pessoa

JCA

terça-feira, 9 de agosto de 2011

DE MINAS PARA O MUNDO 25 - PATO FU


O Pato Fu teve início em 1992, quando Fernanda Takai, até então vocalista da banda Fernanda & 3 Do Povo decidiu formar uma banda com dois amigos de uma loja de guitarras onde ela costumava comprar encordoamentos. Os amigos eram John Ulhoa e Ricardo Koctus, da banda Sustados por 1 Gesto e Sexo Explícito. Decidiram se chamar Pato Fu em alusão a uma tira em que o gato Garfield lutava gato-fu. Para não lembrar tanto a história original, trocaram a primeira letra, e ficaram com um nome tão estranho quanto o som que fariam mais tarde. Em outubro de 1992, gravaram sua primeira fita demo, e, no final do ano, começaram a se apresentar em Belo Horizonte. Já no começo de 1993, participaram do show "Rock Brasil", ao lado de bandas como Skank, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Titãs.
Em maio de 1993, o Pato Fu terminou de gravar o seu primeiro álbum — Rotomusic de Liquidificapum — no estúdio Ferreti, localizado em Belo Horizonte, atual estúdio Máquina do Haroldo Ferreti (baterista do Skank). Embora o disco não tenha obtido o sucesso esperado, acabou atraindo a BMG, em 1994, durante uma apresentação no Rio de Janeiro. Em meio a outras bandas sem sucesso, o Pato Fu foi escolhido por Maurício Valadares (coordenador do selo Plug da BMG) para assinar um contrato com a gravadora. Algum tempo depois, em 1995, gravaram o segundo CD — Gol de Quem? — em um mês, no estúdio Cia. de Técnicos, também no Rio. Músicas como "Sobre o Tempo" e "Qualquer Bobagem" garantiram o prêmio de revelação no 1º Video Music Awards da MTV Brasil. Pela primeira vez, o Pato Fu tocou nos Estados Unidos e aproveitou para trocar a sua bateria eletrônica por um músico de verdade: Xande Tamietti.
Lançaram o álbum Tem Mas Acabou em 1996. Neste disco se destacaram as faixas: "Pinga", "Capetão" e "Água". Neste ano a banda já flertava a ideia de gravar um disco somente com instrumentos de brinquedo, mas tal projeto só foi ser realizado anos mais tarde.
O álbum Televisão de Cachorro foi lançado em 1998 e a banda ficou muito conhecida com a música e o clipe da faixa "Antes Que Seja Tarde".
No ano seguinte, 1999 chegou as lojas o álbum Isopor que foi considerado um dos 10 melhores discos de rock nacional da história. A música de abre o disco, "Made In Japan", é cantada em japonês por Fernanda que, na época, teve aulas particulares. A música também fez muito sucesso no Japão, assim como o clipe.
Ruído Rosa, o sexto disco da banda foi lançado em 2001. A faixa fantasmagórica "Eu" foi grande sucesso nas rádios e o clipe ganhou prêmios como o VMB daquele ano. A regravação de "Ando Meio Desligado" foi tema da novela Um Anjo Caiu Do Céu.
No mesmo ano, a banda se apresentou para cerca de 250 mil pessoas, abrindo o show de Oasis, Ira!, Ultraje e Guns N' Roses no Rock in Rio III. No ano seguinte, a banda lança o CD e DVD MTV Ao Vivo, show realizado no Museu de Arte da Pampulha em comemoração aos dez anos da banda. Neste show a banda já conta com o tecladista e pianista Lulu Camargo como músico convidado. O ex-integrante da Karnak logo viria a se tornar o mais novo Pato Fu.
Durante os três anos que se seguiram, os agora cinco integrantes dedicam-se a tarefas pessoais: Fernanda e John tornam-se pais e este ainda trabalha na produção do primeiro álbum da Wonkavision; Tamietti aprofunda-se na black music; Koctus dedica-se à fotografia e à Let's Presley e; Lulu Camargo inicia seu projeto na nova banda.
2005 é o ano de lançamento de Toda Cura Para Todo Mal, que inaugura o selo independente da banda: o Rotomusic. O videoclipe da música "Anormal" venceu no VMB na categoria de melhor direção de arte.
No ano de 2007, lançaram o álbum Daqui pro Futuro que, antes mesmo de ser lançado nas lojas, já era vendido via internet. O álbum rendeu à banda o título de "Melhor de 2007" pela revista Quem.
Em Junho de 2008, o Pato Fu anunciou a saída do tecladista Lulu Camargo. Cerca de oito anos depois de seu ingresso na banda, Lulu resolveu se dedicar a desenvolver projetos pessoais. Em seu lugar entrou Dudu Tsuda, que também se apresenta com a vocalista Fernanda Takai em seus shows solo da turnê Onde Brilhem os Olhos Seus.
Em janeiro de 2009, Lulu Camargo retorna à banda após 6 meses afastado, e Dudu Tsuda deixa a banda para se dedicar aos seus vários projetos pessoais. Fernanda lança seu segundo disco solo em 2009. Intitulado de Luz Negra, o disco ao vivo ganhou prêmios de melhor show e melhor DVD.
Já em agosto de 2010, a banda lança seu álbum mais ousado: o Música de Brinquedo. Como o próprio nome já revela, o disco foi gravado usando somente instrumentos de brinquedo e miniaturas. A filha de Fernanda e John, Nina Takai, empresta sua voz em algumas faixas do disco que, apesar de não ser propriamente para crianças, brinca bastante com a sonoridade infantil. É composto por 12 regravações de músicas famosas nacionais e internacionais e ganhou grande receptividade do público.

Integrantes
Formação atual (2011)
• Fernanda Takai - voz, violão e guitarra rítmica
• John Ulhoa - guitarra solo, violão, programação, vocal de apoio, voz e cavaquinho
• Ricardo Koctus - contra-baixo, vocal de apoio e pandeiro
• Xande Tamietti - bateria e percussão
• Lulu Camargo - teclado, piano e acordeão

Ex-integrantes
• [Dudu Tsuda - teclado

Artistas Participantes
• Manuela Azevedo - voz em Boa Noite Brasil do disco Toda Cura Para Todo Mal
• Andrea Echeverri - voz em Tudo Vai Ficar Bem do disco Daqui Pro Futuro
• Nina Takai - voz em várias faixas do disco Música de Brinquedo
• Matheus D'Alessandro - voz em várias faixas do disco Música de Brinquedo
• Thiago Braga - convidado da turnê Música de Brinquedo
• Mariá Portugal - convidada da turnê Música de Brinquedo

Discografia
Álbuns
• Rotomusic de Liquidificapum (1993)
• Gol de Quem? (1994)
• Tem Mas Acabou (1996)
• Televisão de Cachorro (1998)
• Isopor (1999)
• Ruído Rosa (2001)
• Toda Cura Para Todo Mal (2005)
• Daqui Pro Futuro (2007)
• Música de Brinquedo (2010)

Álbuns ao vivo
 • MTV Ao Vivo (2002)

Singles
• Rotomusic de Liquidificapum
• O Processo de Criação Vai de 10 Até 100 Mil
• Meu Pai, Meu Irmão
• Mamãe Ama É o Meu Revolver
• Sobre o Tempo
• Qualquer Bobagem
• Pinga
• Água
• O Peso das Coisas
• Antes Que Seja Tarde
• Eu Sei
• Canção pra Você Viver Mais
• Depois
• Made in Japan
• Perdendo Dentes
• Eu
• Menti Pra Você, Mas Foi Sem Querer
• Por Perto
• Não Mais
• Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!
• Anormal
• Sorte e Azar
• Amendoim
• Cities In Dust
• 30.000 pés
• Nada Original
• Tudo Vai Ficar Bem
• Rock And Roll Lullaby
• Todos Estão Surdos
• Live And Let Die
• Primavera

Videografia
DVDs
• MTV ao Vivo Pato Fu: no Museu de Arte da Pampulha (2002)
• Pato Fu Video Clipes (2004)
• Toda Cura Para Todo Mal (2007)
• Extra! Extra! (2009)

Participações especiais
• "Coração Tranqüilo", com Walter Franco, no álbum Houve Uma Vez Dois Verões em 2002.
• "Rapaz Eu Vi", com Karnak, no álbum Universo Umbigo em 1997.

JCA

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 60

Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
JCA

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 9

Mais um dia que amanhece e já sinto na janela os primeiros raios de sol brilhando, são quase 6 da manhã, me levanto e vou direto para o banho, barba, escovo os dentes. Visto uma roupa leve e desço as escadas do sobrado do Jardim Bernadete, no quintal me deparo com os cinco alegres vigias da casa, Tuniko, Muskito, Rosinha, Gorda e Zé, limpo aquelas “coisinhas” que eles precisam fazer para se manter lindos e deixo o espaço livre para brincarem o dia todo. Entro tomo meu litro de leite e me preparo para o encontro diário com meu mestre e personal filosófico. Chego ao local praticamente junto com ele, alongamento, e começamos a caminhar em silêncio, e permanecemos assim por mais de quinze minutos até que ele me fulmina com a pergunta fatal: O que você tem? Você mudo deste jeito me incomoda, pode dizer. Incentivado ou pressionado por ele decido iniciar a conversa, sei de sua experiência de vida, dos problemas que já enfrentou, e gostaria de dividir com você uma dúvida antiga, como é que a gente consegue conciliar casamento, vida profissional e os amigos? A impressão que eu tenho é que se me dedico de verdade a um destes, abandono os outros e isso me deixa infeliz, preocupado, com sentimento de culpa. O que posso fazer para harmonizar os três? Mais uns cinco ou seis minutos de silêncio, aos quais já me acostumei e aprendi a esperar. Em seguida ele começa a me falar de amigos, os que são verdadeiros não precisam de sua presença diária ao lado deles, o simples fato de saber que podem contar com você é suficiente para manter a relação viva, forte, profunda, encontros esporádicos são muitas vezes mais prazerosos do que os diários. Quanto ao trabalho, precisamos lembrar sempre que ele é necessário, importante, mas deixa de ser interessante quando se torna a única razão de sua vida. Trabalhamos por prazer, interesse e necessidade e estas três condições precisam estar em equilíbrio, caso contrário a sua vida se desequilibra, a harmonia reside em sempre ter algo para fazer que atenda aos interesses da empresa, satisfaça o cliente e faça com que você se sinta útil e capacitado para realizar tal tarefa, o dinheiro é consequência desta combinação, muito ou pouco depende do talento de cada um. Casamento é uma mistura das duas primeiras, se o amor existe e é verdadeiro, sua esposa vai entender que em determinados momentos aconteçam algumas ausências, e o fato dela saber que você pode se atrasar, mas sempre estará de volta oferece um alento à sua eventual solidão, o relacionamento entre duas pessoas que decidem dividir espaço físico, contas, problemas e felicidade é alimentado pelo intervalo entre chegadas e despedidas, pequenas divergências e muito entendimento. O fundamental é que seja uma relação que proporciona aos dois o prazer de estarem juntos, o interesse em fazer com que o outro seja feliz a seu lado e a necessidade explícita de estar perto do outro, não basta sentir é essencial dizer. As pessoas gostam de ouvir que são amadas e também que são importantes e necessárias na vida de quem amam. A harmonia consiste em se manter feliz com o trabalho, os amigos e a mulher que você escolheu para estar a seu lado. Se uma destas coisas te faz infeliz, converse, medite, reflita ou troque, pois certamente isso vai afetar as outras duas e você estará criando um problema enorme em sua vida. Vou ficar quieto agora para lhe dar a oportunidade de pensar no que eu falei, aliás, hoje falei demais, me perdoe. E seguimos aprendendo entre as árvores, a tranquilidade do lado e o silêncio dos homens.
JCA

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A ARTE DA ESCUTATÓRIA

Texto de Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos... Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

JCA

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

APRENDENDO COM O MESTRE DRUMMOND 59

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

JCA

terça-feira, 2 de agosto de 2011

QUANTO TEMPO TEMOS PARA FICAR COM OS AMIGOS?

Uma das coisas que mais me preocupa nos últimos tempos é saber quando vou poder ficar mais tempo com os amigos, quando vou conseguir equacionar perfeitamente trabalho, família, obrigações domésticas e aquele instante fundamental comigo mesmo. Como solucionar este dilema? Não sei, mas entendo que isto é muito importante para que me torne completo, pleno, realizado como pessoa. Não é possível se construir uma casa sem um bom alicerce, do mesmo modo não é possível passar pela vida sem estar amparado por muitos amigos. Muitos falam em família, claro que é importante, mas é também obrigatório, o bom da vida está no opcional, na capacidade de escolha, na difícil e complicada arte de conviver. Fazer amigos é muito simples, muito fácil, todos os dias conhecemos pessoas que poderão ou não, ao longo do tempo tornarem-se nossos amigos, tudo baseado na capacidade que tivermos de entender, aceitar, ceder, acolher. Fazer amigos é muito fácil construir amizades duradouras e importantes já é quase impossível, vamos pensar em nossa vida, eu, você, nós não importa se temos dez, vinte, cinquenta ou setenta anos de existência, quantas pessoas conseguimos manter ao nosso lado durante este período? Quantos choraram todos os nossos choros, abraçados oferecendo um ombro amigo, quantos sorriram todos os sorrisos que o destino nos proporcionou, felizes pelo simples fato de estarmos juntos. Quantos num pequeno gesto, num olhar que seja falam e demonstram muito mais do que a maioria com milhões de palavras. Amigos, companheiros, camaradas, como quer que a gente chame o importante é que sempre estejam bem perto de nós. Por isso é que a partir de hoje estou revendo minha agenda, adequando horários e encontrando um espaço para encaixar aquelas pessoas que sempre foram importantes para mim, antes que seja tarde. Não quero pensar nelas somente quando já tiverem partido.

http://youtu.be/TM7vp-diqkg

JCA

REPUTAÇÃO OU CARÁTER?


A reputação é o que acham que você é.
O caráter é o que você realmente é...

A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova.
O caráter é o que você tem quando vai embora...

A reputação é feita em um momento.
O caráter é construído em uma vida inteira...

A reputação torna você rico ou pobre.
O caráter torna você feliz ou infeliz...

A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura.
O caráter é o que os anjos dizem de você diante do Grande Arquiteto do Universo (Deus)".

JCA

PERDI UM "GRANDE" AMIGO

Vai com Deus “Bicho Véio”
A morte é sempre inexplicável, sem consolo e dolorida, já acontece desta forma quando quem parte é um ser humano comum. Porém neste fim de semana Itajubá ficou mais triste, apareceu de repente um vazio sem tamanho e fez muita gente chorar. Partiu Buck Jones, o violeiro de talento amigo de todos e responsável por grande parte da cultura regional que existe entre nós. A simples presença do Buck já representava a certeza de que a alegria estaria presente, expansivo, cheio de histórias para contar, voz marcante e com um toque de violão diferenciado. Buck era o maior símbolo de artista auto-didata que conheci, aprendeu a tocar violão no telhado de casa, sozinho, descobrindo notas, conhecendo acordes e inventando melodias. Do menino no telhado a artista de cinema ele passou por todas as etapas da vida de um representante da cultura popular mineira. Muitos cantaram e tocaram em Itajubá, mas só Buck Jones viveu como artista, livre, feliz, criativo e inovador. Teve sempre três enormes paixões durante o tempo que esteve entre nós, os filhos, a mulher e principalmente a música. Foi neste universo musical que conseguiu mostrar a todos sua sensibilidade, falava de amor do melhor jeito do mundo, com simplicidade. Não tenho dúvida de que o céu não será o mesmo depois de sua chegada. Tião Carreiro que não o conheceu colocou numa música tudo que ele sempre viveu: “O som da viola bateu, no meu peito doeu meu irmão, assim eu me fiz cantador sem nenhum professor aprendi a lição...” Continuaremos aqui com este vazio no peito e na alma, mas com a certeza de que um dia destes a gente se encontra, sendo assim: até breve amigo.

JCA