O QUE FAZER NUM FIM DE TARDE SOZINHO,
NUMA SALA VAZIA, COM UM TECLADO E UM VIOLÃO?
SE EU FOSSE MÚSICO OU COMPOSITOR...
PODERIA FAZER UMA MARAVILHOSA CANÇÃO.
MAS NÃO SOU, E SENDO ASSIM VOU CURTINDO ESSA DOR.
AS TECLAS MUDAS ALI OLHANDO PARA O PINHO.
ENQUANTO ISSO NO SOFÁ, TENTO POR ISSO NO PAPEL,
PROCURO AS PALAVRAS CERTAS, A EXPLICAÇÃO IDEAL.
NO COMPUTADOR COLOCO MÚSICAS DA NANA...
QUEM SABE AMENIZA UM POUCO DESSE AMARGO DE FÉU.
A TRISTEZA NÃO COMBINA, POIS MINHA VIDA ANDA NORMAL,
TENHO CASA, CARRO, AMIGOS E ATÉ UM POUCO DE GRANA.
MAS NO PEITO HÁ UM VAZIO, UM BURACO AUMENTANDO,
SÓ NÃO SEI COMO SURGIU, PORQUE OU DE ONDE VEIO.
QUANDO PERCEBI TAVA AQUI, DOENDO, INCOMODANDO,
LUTANDO COM MINHA ALEGRIA, INIBINDO MEUS ANSEIOS.
E DURANTE ESSA BATALHA, ENTRE O QUE SINTO E O QUE PENSO,
A NOITE FOI SE ACHEGANDO, E TUDO FOI ESCURECENDO,
POR MAIS ESTRANHO QUE PAREÇA, TRAZENDO UM BRILHO IMENSO,
E AQUELA LUZ FOI TAPANDO O BURACO QUE ERA HORRENDO.
NA SALA O VIOLÃO JÁ ME ATRAI E O TECLADO ACOMPANHANDO,
ARRANHO ALGUNS ACORDES, E TOCO RENATO TEIXEIRA,
MISTURADO COM ALTEMAR DUTRA E OUTRAS OBRAS DE GÊNIOS.
A DOR QUE ERA PROFUNDA, LENTAMENTA VAI PASSANDO,
E AOS POUCOS VEJO QUE ERA EFEITO DO DIA, PURA BESTEIRA.
MEU DEFEITO TÁ NA NOITE... EU NASCI PRÁ SER BOÊMIO.
J.C.A.
21 MAR 2015
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