terça-feira, 23 de agosto de 2011

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 10

Hoje amanheci com uma vontade imensa de colocar meu amigo da terceira idade numa “saia justa”. Ontem conversando com um amigo sobre várias coisas, não sei por que começamos a falar de opção sexual, agressões sofridas por meninos que assumem a homossexualidade, preconceito e isso ficou na minha cabeça. Comecei a imaginar como era tratado este tema no século passado, de que forma os homens e mulheres da época conviviam com estes corajosos que se impunham como diferentes. Muito bem, fui assim para minha caminhada matinal, cheguei, alongamento, uma pequena espera e ele logo aparece com uma disposição maior do que nos outros dias. Começamos a andar e vou direto ao assunto, o senhor pode dizer como eram tratados os homossexuais no seu tempo de adolescente? Ora, da mesma maneira como são tratados hoje, alguns aceitam, outros ignoram e outra parte não admite. No meu tempo a mídia falava menos no assunto, era uma coisa mais velada, dita em tom de voz mais baixo a portas fechadas. Mas o fato é que desde que o mundo é mundo que isso existe e temos que respeitar a vontade das pessoas, temos que entender que eles sofrem muito mais do que nós, os ditos normais. Ser diferente é muito difícil, enfrentar família, amigos, escola, trabalho. É infinitamente mais tranquilo ser igual à maioria. Tem aqueles que fingem, se escondem e carregam um peso imenso, uma infelicidade particular por não poder sentir, agir e ser como gostariam, naturalmente. Outros montam um personagem que atua junto aos mais próximos e só conseguem se revelar em lugares distantes onde imaginam que jamais serão reconhecidos. No meu tempo era tudo igual, mas com menos divulgação, com um número muito menor de agressão, era uma intolerância moderada, hoje o que acontece é absurdo, são meninos que não se assumem e odeiam aqueles que fazem isso, são incapazes de olhar para alguém como um ser humano, uma pessoa, com sentimentos, frustrações, angústias e alegrias, apenas enxergam o que não entendem e querem destruir o inexplicável, pobres doentes que não se aceitam e querem apagar do outro o que está dentro deles mesmos. A opção sexual para mim, lá na adolescência ou hoje mais de sessenta anos depois é a mesma coisa, pode ser comparada à roupa que usamos, não importa se você ou outra pessoa não goste o que importa é que eu me sinta bem com ela, isso me basta, isso me satisfaz. Não posso ser acusado de desrespeito porque decido sair de bermuda e chinelo enquanto a maioria está de terno e gravata. Estando em paz com minha consciência, com aqueles que verdadeiramente me amam tudo sempre estará bem, mesmo que minha opção sexual seja diferente de todos com aqueles com quem sou obrigado a conviver. Vamos caminhar e refletir um pouco, não estou dizendo que estou certo, apenas lhe contei meu modo de ver esta situação. E caminhamos em silêncio até o final do trajeto. No silêncio realmente se aprende muito.

JCA

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