quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 11

Hoje o tempo amanheceu muito feio, não sei por que em dias assim parece que a gente fica mais nostálgico, quase triste. A gente parece sofrer de uma tristeza sem nenhuma explicação, o fato é que estou me sentindo assim e até meio sem ânimo para minha caminhada perto do lago, mesmo assim faço um esforço e vou. Chegamos juntos e começamos os preparativos para o exercício, depois de muito alongamento e devidamente aquecidos iniciamos os primeiros passos, em silêncio. Desta vez quem fala é meu mais novo amigo de infância perguntando a razão de minha mudez. Respondo que em dias nublados e chuvosos fico um tanto depressivo, sem assunto apenas isso. Graças a Deus existem dias assim, diz ele. É uma excelente oportunidade para que você se encontre, vasculhe suas gavetas internas, limpe os armários da alma e se prepare para todas as demais situações que a vida irá lhe impor. A impressão que dá é que o Criador, sabendo quando vamos passar por momentos de maior provação, nos envia os dias de chuva, os dias nublados, para que nós possamos refletir sobre quem somos o que queremos e para onde vamos. Felizmente este é um processo natural pelo qual todos nós passamos e sempre saímos fortalecidos e preparados para enfrentar tudo que vier. Passar um tempo conosco é um exercício muito importante e necessário, faz com que a gente descubra qualidades e dons que a correria da vida nos impede de enxergar. A alma limpa reflete as coisas boas que nela habitam e facilita o compartilhamento de todas estas coisas com aqueles mais próximos de nosso convívio. Com armários e gavetas de dentro de nós devidamente limpos e arrumados podemos começar a juntar de novo uma porção de coisas para guardar neles, até que outro dia nublado aconteça e nos deixe limpar, lembrar, arrumar, chorar e recarregar as “baterias” para a vida que nos chama e da qual não podemos fugir. Ouvi tudo aquilo com muita atenção e confesso que nunca tinha pensado em nada disso que ele falou. Fez-me muito bem, tirou a culpa que estava me consumindo pela tristeza sem explicação. Ainda bem que vim caminhar. Caminhar, aprender, me renovar e ser embalado pela experiência de vida e pelo carinho deste homem que é uma benção em minha vida. Ele não disse mais nada até o final do percurso, acho que para me deixar digerir suas palavras e aprender com o silêncio. Afinal, como ele mesmo diz: no silêncio também se aprende.
JCA

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