Hoje amanheci triste ou mais cansado talvez, quase desisto da caminhada com meu amigo da “melhor idade”, meio a contragosto fui. Quando cheguei ele ainda não estava, sentei na grama e esperei, depois de algum tempo apareceu, calado, cabisbaixo, respeitei seu momento e convidei-o a caminhar. Começamos a jornada sob o sol das sete horas, batia um vento leve que deixava o clima perfeito. Depois de uns quinze minutos ele começou a falar. Disse que acordou bem cedo como fazia todos os dias, tomou banho e café e depois foi ao quintal onde mora há quase dez anos Tuniko seu cachorro e companheiro. Estranhou não vir pulando, fazendo festa como sempre, procurou em todo canto e de repente percebeu que embaixo de uma mangueira seu amigo estava deitado, parecia estar dormindo, pois nem mesmo o viu chegar perto. Aproximou-se com jeito e confirmou sua desconfiança: seu grande companheiro havia partido. Com certeza foi à noite, já estava gelado. Adorava aquela mangueira, sempre que estava sozinho era lá que se deitava, dormia como criança nova. Decidiu que ali seria seu local de descanso. Voltou a casa, apanhou as ferramentas, fez a cova e enterrou seu amigo, não sem antes fazer uma oração. Contou que só veio hoje porque sabia que poderia durante a caminhada dividir comigo esta dor. Que bom que venci a tristeza que amanheceu dentro de mim. Falou de tudo chorando sem parar de caminhar e voltou a ficar mudo. Continuamos a nossa caminhada em silêncio. Uma parte pelo Tuniko e ao outra pela lição: No silêncio também se aprende...
JCA
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