quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

COMO SURGEM AS NOVAS PARÁBOLAS

Imagine um operário em sua jornada diária, desde quando se levanta até o momento de seu reencontro com a cama.


O homem acorda com o despertador, pois o cansaço da luta cotidiana vai fazendo falhar seu preciso relógio biológico. Sai da cama e já começa a correria, banho, barba, dentes, cabelo, se veste e dispara em direção ao ponto de ônibus. Embarca (com dificuldade) no coletivo, viaja por pouco mais de uma hora em pé. Desce e caminha mais quinze minutos até chegar ao trabalho. Registra sua presença em uma máquina que lê sua impressão digital, corre mais um pouco até o vestiário, troca sua roupa por um uniforme, dirige-se até sua máquina e começa a trabalhar. Horas a fio de movimentos repetitivos, um chefe em sua cola, como se fosse uma sombra exige que produza cada vez em maior quantidade e melhor qualidade. Chega a hora do almoço, empresa grande (graças a Deus) tem refeitório, comida boa e farta, suco, sobremesa. Termina o horário bom do dia, retorna à máquina e recomeça a produção repetida de várias peças que irão abastecer outros setores onde mais operários repetem movimentos e fabricam diversos componentes que unidos ao final vão gerar algo de muito valor no mercado. Toca a sirene, terminou a jornada, o operário retorna ao vestiário onde deixa o uniforme e veste novamente sua roupa. Começa uma nova luta, contra o tempo, contra o aperto, contra o cansaço, mas por uma causa justa irá encontrar sua família. Depois de duas horas (no mínimo) finalmente está em casa. Beijo na esposa, abraço e atenção aos filhos, um carinho no cachorro. Um banho e vai à cozinha, janta e senta-se na sala diante da televisão, ao lado daqueles que ama e que são a principal razão de tanto trabalho, mas não consegue permanecer acordado por mais de dez ou quinze minutos, adormece sem perceber. A esposa carinhosa o acorda com delicadeza e pede para que vá dormir na cama, pois já é tarde. Obedece, sobe, escova os dentes, veste o pijama (na verdade aquela camiseta velhinha e um calção confortável), se deita na esperança de que ela (a esposa) venha logo, doce ilusão, as crianças estão a todo vapor, ele dorme e somente se dá conta de que ela dormiu a seu lado quando o despertador o chama de novo para mais um dia de luta.

Mas onde está a parábola? Na própria vida, a maioria de nós nem percebe que durante a nossa luta pelo pão de cada dia, o sofrimento é menor, o fardo é mais leve, o caminho é menos tortuoso. Este operário está ao nosso lado todos os dias, seja ele de qualquer profissão, padeiro, carpinteiro, mecânico, entregador. Estas pessoas juntas fazem repetidamente coisas muito importantes para outros setores da economia e no final um produto muito importante para o mercado, para o consumo, para o deleite de todos.

Na fábrica somos manipuladores de pequenas peças, na vida somos apenas engrenagens manipuladas por um ser superior. No fim somos teias de uma trama maravilhosa chamada “vida”.

As parábolas modernas aparecem da observação do que parece normal, mas que se revela assustador que se a gente olhar de modo bem profundo.

JCA

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