terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

HISTÓRIAS QUE O CHICO CONTOU E NEM SABE...



Que Chico Buarque é gênio, acredito ser indiscutível. São tantos temas, tantas rimas, inúmeras melodias que embalaram e continuam a embalar nossas vidas que seria difícil se estabelecer um limite para sua obra. Pois bem pensando nisso, resolvi fazer uma pesquisa e pinçar deste grande acervo de letras do Chico aqueles versos que terminassem no infinitivo “ar”. Muito bem consegui coletar entre quatrocentas e cinquenta e nove canções, cerca de quarenta frases e fui colocando todas de forma aleatória dentro deste texto e para minha surpresa elas foram se encaixando e formaram quase uma nova história construída pelo acaso, mas nascida do talento deste, que para mim, é o maior compositor da música brasileira. Acho que tem uma pessoa que deve gostar muito desta “brincadeira com os versos do Chico”, que é a minha amiga Célia Rennó. Por outro lado, pode ser que ela odeie tamanho desrespeito.

Tem certos dias que eu penso em minha gente e sinto assim todo o meu peito se apertar, Querendo acreditar que o dia vai raiar. Chega de mágoa, chega de tanto penar, Eu quero ver um dia todos trabalhar, e ao fim do dia ter onde voltar, Mas se a vida mesmo assim não melhorar, Sábios então tentarão decifrar, Sentar no colchão e sorrir e zangar. E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá olhando aquele inferno vai abençoar. Mas devo dizer que não vou lhe dar o enorme prazer de me ver chorar, Faça como eu faço aja duas vezes antes de pensar, Vou voltar haja o que houver, eu vou voltar, Que um dia ele vai embora, maninha prá nunca mais voltar, Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar, Tua sombra a se multiplicar. Pode ser que você tenha um carinho prá dar, ou venha prá se consolar. Quero ver quem é que tira nós aqui desse lugar. Traiçoeira e vulgar sou sem nome e sem lar. Como fui levando não sei lhe explicar. Como será ser nua em noite de luar? Dei prá maldizer o nosso lar, prá sujar teu nome te humilhar. Mil versos cantei pra lhe agradar, agora não sei como explicar. Até segundo aviso você prometeu me amar. Me dá só um dia e eu faço desatar. Mensagens sutis como a brisa do mar. Era como um trem que anda sem passar. Preciso conduzir um tempo de te amar. Amo tanto e de tanto amar. Sei que há léguas a nos separar tanto mar, tanto mar. Pois você sumiu no mundo sem me avisar. No peito a saudade cativa faz força pro tempo parar. É pior do que o esquecimento é pior do que se entrevar. E desde então eu canto a dor que eu não soube chorar. Tenho esperança que um dia hás de voltar direitinho ao teu lugar. Assim que o inverno passar eu acho que vou te buscar. Meu Deus vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar. Todo dia eu só penso em poder parar. Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar. Minha gente, vamos lá nossa turma vai sair nossa escola vai sambar. E todo malandro da cidade quer entrar nos versos da cantiga de ninar. Agora falando sério eu queria não cantar. Mas se o destino insistir em nos separar. Morena dos olhos d´água tira os seus olhos do mar. Voltei prá me certificar que tu nunca mais vais voltar. Das noites que varei no escuro a te buscar. Diz a ela que estou louco prá perdoar. Se o violão insistir, na certa a morena ainda vem dançar. Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo prá você rememorar. Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar. E inundou-se de água doce a amargura do mar.
JCA



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