Os dias vão se passando e fico mais ansioso pela hora da caminhada, gostei dele, me inspira, me orienta, me emociona, me faz sentir que estou vivo e preciso, cada vez mais, produzir, realizar, marcar meu nome na história, não ser apenas coadjuvante. Muito bem chegou a hora, finalmente vou ao encontro do meu novo amigo para a aula mais importante do dia, vou abastecer minha alma de paz e ensinamento. Ele continua triste, pensativo pela ausência do amigo Tuniko, mas está presente, animado e caminhando a passos largos quase não consigo acompanhá-lo. Felizmente ele faz uma parada, senta-se no chão e me convida a sentar também, olha nos meus olhos e pergunta: “Qual o seu maior medo?” Pego de surpresa, demoro a responder, mas ele espera pacientemente. Penso em muitos dos meus medos, mas depois de alguns minutos concluo que o maior deles é não ser esquecido, o simples fato de pensar nisso já me apavora. Por que a pergunta? Ele me olha novamente e diz que durante sua vida teve medo de muitas coisas, alguns conseguiu superar, outros foram sendo evitados pelo caminho até se perder definitivamente. Hoje quando se aproxima o fim da jornada consegue perceber que o maior medo que teve na vida era o de não ter podido dar a alguém toda a atenção, carinho e amor que este ser merecesse. Neste instante me olha com a maior ternura com que já fui olhado, sabe aquele jeito de avô, sem compromisso mas extremamente comprometido com cada palavra, cada minúsculo gesto, pois aprendeu durante o caminho que um exemplo ensina mais do mil conselhos, com este olhar me diz aparentando estar realizado: “Sabe o Tuniko? Pois é ele me ajudou a superar este medo que tanto me perseguiu. Hoje tenho convicção que dei a ele tudo que podia para fazer com que sua existência fosse muito feliz. Em troca recebi toda a dedicação de uma vida, ele viveu para me dar alegrias e morreu para me fazer descobrir esta vitória. Vamos caminhar, mas agora em silêncio, já sei, já sei no silêncio também se aprende.
JCA
Nenhum comentário:
Postar um comentário