domingo, 20 de fevereiro de 2011

CONVERSAS À BEIRA DO LAGO 2

Vai nascendo um novo dia e ao lado do meu mais novo e experiente amigo inicio mais uma caminhada, os primeiros minutos são de absoluto silêncio que havia sido quebrado na chegada por um carinhoso bom dia de ambos. Caminhei por quase uma hora pensando, ouvindo o som das folhas secas sendo pisadas por nós dois e o cantar dos passarinhos. Refleti durante quase todo o tempo sobre sua última frase no dia anterior: “no silêncio também se aprende”. Confesso que não consegui entender, mas não iria perguntar nada para não perder a oportunidade de desfrutar de companhia tão agradável e também para não parecer ignorante demais para que ele continuasse a caminhar a meu lado. Para minha surpresa foi ele quem quebrou o silêncio me perguntando em que eu tanto pensava, pois não havia dito uma palavra, além de bom dia por quase uma hora. Respondi que mesmo parecendo menos inteligente do que ele poderia supor, ia me arriscar: “O que o senhor quis dizer com aquela frase – no silêncio também se aprende? Pediu-me para fazer uma parada, sentamos em banco à beira do lago e com muita tranqüilidade ele foi me dizendo: - Primeiro não pense que vou mensurar sua inteligência por entender ou não as maluquices de um velho. Segundo é apenas uma frase que atingiu seu objetivo, pois fez você refletir. O silêncio, meu amigo pode ser muito cruel. Ele nos obriga a conviver conosco, o que não é fácil. Ele nos remete a pensamentos que normalmente não aparecem durante os ruídos do dia a dia. O silêncio é um grande mestre, nos ensina a perdoar (a nós mesmos), ensina também a enfrentar (nossos medos mais ocultos), e nos mostra um lado nosso que passamos o tempo todo escondendo dos demais. O silêncio é o esconderijo da sabedoria, da coragem e do perdão.

Muito bem estou mais descansado, vamos continuar andando, amanhã conversamos mais, caminhemos em silêncio e aprenderemos outra lição...

JCA






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